Tópicos abordados
Janete começou dizendo que estava feliz em voltar para casa, pois fez Mestrado e Doutorado na ECA. O projeto da Radio-Arte fez parte de seu Doutorado, cursado no Depto de Cinema (Audiovisual). Janete é Bacharel em Piano, mas se identifica como intérprete, professora, pesquisadora, produtora e artista sonora. Entre os tópicos enfocados pela musicista estão:
- Infância em Cambé (PR). Em sua casa ouvia música libanesa tradicional, como o Sabah, entre outros. Janete foi fortemente influenciada por esta cultura. Como o ambiente fosse conservador e rígido, sua mãe exigiu que estudasse piano, pois era um estudo artístico considerado recatado.
- Foi muito bem-sucedida na carreira de intérprete do piano, ganhando vários primeiros prêmios de interpretação.
- Posteriormente estudou com Hans Joachim Koellreutter, que lhe apresentou um novo mundo sonoro e social. Janete deixou o piano temporariamente, enveredando pela música contemporânea através de várias vertentes.
- Trabalhou na Universidade de Londrina, onde assumiu a Radio Universitária. Sua primeira entrada no estúdio de rádio foi em 1991, produzindo um programa de música contemporânea. Seus programas eram focados na imprevisibilidade. Ela programava propositadamente músicas totalmente díspares, para manter o ouvinte atento e dar-lhes coisas novas (ou pouco conhecidas).
- Poucas mulheres fazem radio no Brasil e no mundo. Janete encontrou bastante resistência ao apresentar seu programa Música Nova por não ter um formato convencional. Terminou por fazer desta experiência objeto de seu Doutorado, durante o qual foi à Europa conhecer diversos estúdios de radio. Trabalhou com Hermeto Paschoal, entre outros.
- Nesta Serie Vozes, Janete apresentou um trabalho de radio-arte feito na Alemanha, baseado em Demetrio Stratos. Demetrio, músico grego nascido em Alexandria, foi objeto de sua pesquisa de Mestrado. Neste programa de radio ela misturou textos e melodias processadas, que giravam em torno de Demetrio.
- Outro trabalho apresentado foi RadioRizoma.
- Janete falou da diferença entre produzir um programa de radio artístico na Alemanha e em Londrina. Na Alemanha o trabalho era comissionado e a instituição financiadora ficava com a obra. O(A) autor(a) não ficava com cópia de sua obra, que poderia ser repetida mediante pagamento parcial.
- Perguntada sobre o que ainda a surpreende em matéria de som, Janete contou que anda por diferentes lugares gravando paisagens sonoras. Ela gosta também de músicas de tradição e transmissão oral, música étnica, diversos tipos.
- Janete contou sobre a problemática do poder, de quando os(as) detentores(as) do poder percebem o quanto a audiência é significativa e mudam o direcionamento das rádios. O aspecto educativo é deixado em segundo plano, quando não é deturpado em seus objetivos de educação estética.
- A radio deixou de ser veículo de informação para ser um repositório, que a(o) ouvinte acessa quando quer e escolhe a programação. Isto muda o caráter de atividade artística do veículo de comunicação.
- Valeria perguntou sobre a questão de gênero no âmbito da radio. Janete disse que não costuma se ater muito a pesquisar o assunto, mas que o gênero certamente influenciou sua trajetória e continua marcando sua vida.
- Em sua opinião, muitas mulheres não têm clareza em relação ao que querem. Quando esta clareza existe, ainda assim não é fácil. É preciso ter coragem. Janete assumiu varias posições de liderança durante a carreira profissional e diz que as mulheres precisam assumir riscos e enfrentar barreiras.
- Várias(os) ouvintes fizeram perguntas e elogiaram muito a apresentação da musicista.
- Sua última apresentação foi uma gravação de sua mãe um mês antes de falecer. Sobre esta gravação há uma locução/intervenção que colabora no sentido de lhe dar expressividade.
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- Dia 10/10 Reunião Operacional
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