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Visões – “Imagem, imaginário e representações da mulher negra”, com Rosane Borges (Divulgação)

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Sonora convida para mais uma edição da série Visões na próxima segunda-feira, 06/06, às 17h30. Nesse encontro a jornalista e pesquisadora Rosane Borges falará sobre sua trajetória profissional, os desafios e conquistas, as narrativas que tratam da mulher negra e suas representações pela mídia, e sua atuação, enquanto mulher, em instituições voltadas à igualdade racial.

Rosane BorgesRosane Borges é jornalista, pós-doutoranda em Ciências da Comunicação pela ECA-USP, integrante do grupo de pesquisa Midiato (ECA-USP) e professora do Curso de Especialização do Celacc (Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação da USP). Foi coordenadora nacional do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (CNIRC) da Fundação Palmares, órgão do Ministério da Cultura, e professora do Departamento de Comunicação da Universidade Estadual de Londrina (UEL), onde integrou o corpo docente do mestrado em Comunicação Visual. Coordenou a Revista Nguzu (NEAA-UEL) e escreve regularmente nos portais de notícias “Obsevatório da Imprensa”, “Geledés” e “Áfricas”. Integra a Comissão Estadual da Verdade da Escravidão Negra (OAB-SP), a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-SP) e o Conselho Nacional de Promoção de Políticas da Igualdade Racial (CNPIR) da Seppir (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial). Possui diversos livros publicados, entre eles: Jornal: da forma ao discurso (2002), Rádio: a arte de falar e ouvir (2003) e Espelho infiel: o negro no jornalismo brasileiro (2004).

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Contribuições da rede Sonora para o Forum WISWOS – Educating Girls in Sound – apresentado por Lílian Campesato – English Version

WISWOS 2016 – April, the 22th – Lancaster University

Lílian Campesato

Sonora – NuSom

lilicampesato@gmail.com

 

I – Introduction and Context

 

My name is Lílian Campesato and I represent Sonora, a collaborative network that brings together artists and researchers interested in feminist expressions in the field of arts, specially the context of Brazilian and Latin American issues.

But I’m also speaking by and about myself as a Brazilian women, artist, performer, researcher and pregnant with my first baby.

 

SONORA Network

 

SONORA is a collaborative network that brings together artists and researchers interested in feminist manifestations in the context of the arts. The group promotes the establishment and occupation of spaces and develops debates and academic research related to participation of women in music. It is also involved in different types of musical activities. Sonora currently holds three regular activities: the Study Group, which carries discussions of texts and listening sessions; the Voices Series, which invites women artists to talk about their own work; and the Vision Seria, which receives researchers and scholars involved with gender issues and feminisms.  Sonora is crossed by uncertainty, vagueness, reticence, openness, affectivity, sensitivity, noise. Thus, the group establishes itself as a mutant organization that welcomes different types of collaboration.

 

The main goals of Sonora are the creation and occupation of artistic and academic spaces, and, in addition, conducting research and discussions on various

aspects of musical activities. These proposals takes place through three regular activities: a Study Group, with discussions of texts and listening sessions; the Voices series, which gets women artists to talk about their own work; and the Visions series, which gets researchers who work in gender and feminisms areas. Sonora is crossed by uncertainties, indefinitions, reticences, openings, affectivities, sensitivities, noise… which gives it a mutant profile that is open to endless collaborations.

  • Activism

 

Forum WISWOS 2016: Educating Girls in Sound

 

  1. What impact does the current education system have on young girls to deter them from moving into the fields of science, technology, the arts and engineering with sound? How can it be improved?
  2. What happens in the music/sound tech classroom?
  3. At what point do we see the drop from equal interest to little interest?
  4. What initiatives already exist that do encourage girls to engage?
  5. What can we do, and should we do it or not?

 

WISWOS 2016 are looking for their contributions to change: innovative, imaginative, thoughtful, challenging ideas that can be put forward to propose changes to primary, secondary and third level education. We are also looking at experiences: what educational or non-educational experiences shaped your engagement with sound. What were the positives and negatives? What ideas do you have? If you are part of an organization that already works to challenge the gender divide we welcome your input and ideas.

 

II – My Contribution to WISWOS

 

Sonora:

As soon as I knew that my participation at WISWOS was accepted I shared the main questions proposed for the meeting with my colleagues at SONORA. I’ve received an enthusiastic collaboration from SONORA members who kindly shared their thoughts and experiences related to the WISWOS issues. Although these personal accounts have been placed in an informal and not always organized manner, I would like to present some ideas that may represent a contribution to our discussion. Besides, I want to thank some colleagues who sent their comments: Vanessa de Michelis, Eliana Monteiro. Ariane Stolfi, Antonilde Rosa, Valéria Bonafé, Alexandre Fenerich, Davi Donato, Isabel Nogueira, Tânia Neiva.

 

1. Discussion: Women in Brazilian cultural environment: the social role attributed to women (women’s role in society; the participation of religion,  Estate and other institutions in the regulation of this role)

 

Many classrooms in Brazil until the mid-1960s were not mixed. The unprecedented access of girls to school was accompanied by sexist discrimination complaints. One has to consider that these researches about sexism in school date back to 1970, when feminism was maturing as a mass movement and was entering the academic world. The situation is similar when we address the question of social class: the notion that the school reproduces social inequality appears alongside the entry of low-income population in educational institutions. If there is no poor people – and women – in school, inequality is evident.

 

2. Discussion: What impact does the current education system have on young girls to deter them from moving into the fields of science, technology, the arts and engineering with sound? How can it be improved?

 

Statement 1: “A hierarquia de gênero ainda é um dos principais estorvos do sistema educacional que tem impactos negativos na formação e inserção de mulheres nestas áreas. O conhecimento sempre foi uma ferramenta e teceu as relações de poder e opressão, neste sentido, as estruturas do sistema patriarcal são mantidas e reforçam as  desigualdades de gêneros, para que os homens permaneçam nesta posição privilegiada e de poder.” Antonilde Rosa

 

Statement 2: “de uma maneira geral acho que o peso maior já vem da cultura onipresente, ao chegar na sala de aula, qqr indício (indication) que essa cultura será re-afirmada já tem o dobro, triplo do peso. portanto, talvez “neutralizar” o novo território com exemplos de diversidade e visibilidade femininas possam ajudar a estabelecer uma relação de confiança (trust, confidence) e igualdade que talvez seja “mais segura” que o ambiente externo e talvez isso possa abrir um espaço de confiança para as garotas nos campos da ciência e tecnologia ainda que a sociedade não o forneça, por exemplo”. Vanessa de Michelis

 

3. Discussion: the inexistence of models and references:

One of the issues that may be preventing women from engaging in some particular disciplines is the lack of models and references from other women working in these disciplines. For this reason, the existence of groups and associations (sororities) is key to creating a sense of belonging and empowerment of women. It is important to have exclusive spaces where women can create their own ideologies.

 

Statement 3: “quando comecei, só eu de mulher, calada, insegura, reprimida. Com o tempo, procurei buscar ferramentas de existir naquele espaço; comecei a levar amigas naquele espaço; única interlocução possível era de homens; se tornou protagonista naquela situação; ofinicas tinham 90 % homens.;Hoje tem maioria de mulheres, alunas” Vanessa de Michelis

 

4. Discussion: Idealisms  

Girls feel the need and even the obligation to be the best, to stand out, to be successful. Participation in collective situations is seen as a risk because the fear of exposure.

 

5. Discussion: What happens in the music/sound tech classroom?

 

Statement 4: Harmony Class (UniRio): “A performance em sala de aula das garotas, apesar de seu entendimento ser o mesmo que a dos rapazes, é eclipsada pelos meninos que “são bons em harmonia” – em geral os músicos de MPB. Ou seja, esses participam da aula, numa atitude de desafio ao professor (assim eu percebo). Naturalmente, dominam a cena. No entanto, a única garota que faz MPB não tem essa atitude e é muito tímida (…) Pela harmonia os homens ligados a composição ou arranjo se exibem – e eclipsam a performance das meninas e dos demais músicos. Como dominam a cena, se o professor não perceber o jogo estará acentuando a divisão, como num ciclo vicioso. Significativo é que, conforme percebo, com esse jogo exibicionista os homens “bons em harmonia” disfarçam o trabalho mal feito ou sua ausência (eles já sabem, não é mesmo?0, enquanto que as meninas garantem esse trabalho.”  Alexandre Fenerich

Statement 5: – Music/sound Tech Class (UFRJ): “quando dei aula de tecnologia musical (como substituto na ufrj) tive uma turma de 16 alunos dos quais apenas uma era mulher. Na primeira aula eu apresentava o curso e tentava entender qual o interesse dos alunos, quando acabou a aula essa aluna esperou todos saírem e veio me perguntar se eu achava que ela era capaz de fazer o curso. Eu, sem entender bem pq ela estava me perguntando aquilo, falei que claro que sim pois o curso não tinha pre-requisitos e que ela, assim como os outros alunos, podia me ajudar a fazer com que o curso não fosse difícil demais. enfim, ficar a vontade para perguntar coisas, perguntar por email, conversar depois da aula etc. Ela parecia interessada, continuou vindo às aulas, sempre fazia muitas anotações (muito mais do que os outros alunos), eventualmente perguntava alguma coisa no fim da aula (nunca na frente dos outros alunos) mas quando chegou o prazo para trancamento (umas 5 ou 6 semanas depois do início) ela trancou e não apareceu mais. Disse que ficou com medo de ser reprovada. Dos 16 alunos dessa turma só dois trancaram, o outro era negro e, apesar de se comportar de forma bastante diferente da menina, também era claro que via mais barreiras no seu caminho do que os outros 14 alunos (por exemplo ele foi o único da turma a ver como uma barreira o fato de alguns dos softwares serem em inglês, dentre os outros vários tb não entendiam inglês mas tinham autoconfiança de que iriam se virar). O que me parece é que, por parte do professor, apenas evitar comportamento machista não basta para evitar esse clima de clube do bolinha em certas disciplinas. Mas não sei bem o que mais poderia ser feito. Acredito que trazer exemplos de mulheres ajude, mas em aulas mais técnicas, onde raramente se usa exemplos de repertório, essa não é uma opção. Trazer a questão para a sala de aula parece ser uma excelente sugestão, mas tentando ser realista, acho que isso não é pra todo mundo, eu pelo menos não sei se seria capaz disso hoje. É um tema bastante delicado, no caso que contei por exemplo desconfio que seria bastante constrangedor para a aluna em questão, que fazia o máximo para não chamar atenção para si. Além disso isso envolve um enfrentamento gigante, não apenas dos alunos e da instituição que é sempre conservadora, mas também de vertentes feministas que julgam que o homem não é apropriado para lidar com essas questões (e talvez não seja mesmo, sei lá…). Enfim, sendo honesto aqui, eu teria medo de acabar piorando a situação. Pensando alto, será que medidas radicais como aulas exclusivas para mulheres seria um caminho, especialmente nestas disciplinas em que existe uma disparidade evidente? Lembrei de um caso anos atrás quando eu era aluno de uma escola estadual de música no RJ em que um professor de percussão criou uma bateria exclusiva de mulheres (foi muito criticado, claro), e em poucos meses a quantidade de percussionistas mulheres na escola disparou, algumas meninas seguiram carreira inclusive.” Davi Donato

 

III. Proposals:

It is essential to encourage the diversity of viewpoints and social roles. We must make visible the existence of different ethnic groups, ages, social classes. For this, it is necessary to stimulate the coexistence with the diversity of genders, races and ideologies. At the same time, we must sensitize students about gender issues and  develop a process of visibilization of girls.

 

Considering that the classroom is also a political space, a space of power and of construction of citizenship, it is necessary to develop a political sense, an awareness of the construction of female identity. This identity is not something already set, but a process of becoming-a-woman. The construction of this identity is necessary for the empowerment of girls. The motivation to study will come from self-esteem and self-confidence.

 

We must be careful not to encourage chauvinist and sexist actions or promote gender inequality. We must avoid the pressures that act to the silencing of women’s bodies and voices. We should not determine the places and territories that girls should take, as this is a matter of personal choice and affinity.

 

To promote micropolitical actions and autonomy: To return to spaces that were exclusively occupied by women; retrace their paths, the places in which they were alone, where they had no access to references. Redesign these contexts.

To recover.

 

Other actions:

Find girls and empower them. Identify potential replicators.

Create unique spaces for women. Create spaces that are complementary to the ones that are predominantly male. In the contexts where female examples and references are absents, transform these contexts so that they provide conditions for the participation of girls. We should not rely only on our point of view. We need to interview girls and boys about what they want for these spaces.

 

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Visões – “Relato e debate sobre o Fórum WISWOS – Educating gilrs in sound”, com Lílian Campesato (Divulgação)


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Sonora convida para mais uma edição da série Visões na próxima segunda-feira, 09/05, às 17h30, na Sala do Nusom. Nesse encontro teremos um relato seguido de debate sobre os temas tratados no FórumWISWOS (Women in sound Women on sound: Educating girls in sound) que aconteceu no dia 22 de abril na Universidade de Lancaster, Reino Unido.

O relato e o debate serão conduzidos pela artista e pesquisadora Lílian Campesato que participou do Fórum no ano de 2016. A ideia é recuperar as contribuições que toda a rede Sonora deu para a apresentação no Fórum frente ao que foi proposto e discutido no âmbito do WISWOS. Para isso, iremos aprofundar as reflexões e propostas referentes à educação das garotas, à promoção de visibilidade, à falta de modelos e a tantos outros temas discutidos. De uma maneira sintética os assuntos discutidos durante o WISWOS 2016 passaram pelas seguintes perguntas:

  1. Que impacto os sistemas educacionais têm nas jovens garotas que as impedem de se dirigir aos campos da ciência, tecnologia, artes e engenharias com som e composição? Como isso pode ser modificado / melhorado?
  2. O que acontece nas salas de aula de música (composição) / engenharia de áudio, música e tecnologia, etc?
  3. Em que ponto (quando) observamos uma mudança do mesmo nível de interesse (em relação aos meninos) para pouco interesse (nessas áreas e aulas)?
  4. Que iniciativas já existem para encorajar as garotas a participar / se envolver?
  5. O que nós podemos e o que nós não devemos fazer a esse respeito?

Lílian Campesato é musicista e pesquisadora com ênfase na experimentação de meios híbridos e não usuais de criação sonora, especialmente performances. Seus trabalhos exploram o uso da voz e gesto combinados a recursos eletrônicos e audiovisuais interativos. Realizou doutorado na Universidade de São Paulo com a tese “Vidro e Martelo: contradições na estetização do ruído na música”, que trata de diferentes concepções sonoras na música e nas artes a partir das relações de incorporação e rejeição do ruído. Realizou pós-doutorado junto ao NuSom  (Núcleo de Pesquisas em Sonologia da Universidade de São Paulo) o com uma pesquisa que investiga os discursos acerca dos contornos e limites da música. Foi uma das criadoras do Sonora, um grupo dedicado à discussão da participação das mulheres na música.Website: http://liliancampesato.tumblr.com

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Visões

Ata da 9ª Reunião (09/05/2016) Série Visões com Lilian Campesato

Relatos de Lilian Campesato em Lancaster durante o “Women in Sound, Women on Sound Forum: educating girls on sound

  • Lilian contou que foi a única participante do Hemisfério Sul.
  • O Fórum durou um dia na Universidade de Lancaster. É o segundo ano do evento.
  • O evento foi criado porque xs organizadorxs perceberam que havia um desequilíbrio entre a quantidade de meninos e meninas nas universidades de música.
  • Foram realizados workshops, fóruns de discussões, palestras e concertos.
  • Participaram também adolescentes da comunidade, alunxs de conservatórios, escolas de música em geral.
  • Foram apresentadas keynotes sections com Anna Xambó e Liz Dobson. Estas palestras abordavam o acesso das meninas ao universo da experimentação sonora, a visibilidade das mulheres neste âmbito, etc. Não foi observada a preocupação em relação a outros campos em que as mulheres se sentem excluídas.
  • Xs participantes foram divididxs em grupos para discussão de perguntas pré-estabelecidas. Entre os questionamentos estava a trajetória musical de cada um(a). A composição destas mesas variava a cada pergunta. Tinha uma adolescente da rede pública em cada mesa.
  • Houve um momento para que representantes das mesas apresentassem as conclusões a que cada grupo chegou.
  • Havia uma única pessoa negra no evento, uma mulher, que foi representante de uma das mesas.
  • Problemas e possíveis soluções foram elencados e discutidos.

Tópicos discutidos depois da apresentação de Lilian sobre o evento:

  • Questão de privilégios.
  • Questão da falta de modelos de outras mulheres na música.
  • O impacto que o sistema educacional vigente exerce na exclusão de meninas de certas atividades.
  • A inclusão de mães nas atividades musicais.
  • A sensibilização dx outrx para questões que teoricamente não lhe pertencem.
  • A importância de espaços exclusivos para meninas, para mulheres negras, para minorias se colocarem e se fortalecerem.

Planejamento das próximas reuniões:

  • 16/05 – Reunião interna
  • 23/05 – GE com texto de Rosane Borges
  • 30/05 – Interna
  • 06/06 – Série Visões com Rosane Borges?

Link da transmissão:

 

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Vozes – Roseane Yampolschi

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Fotografia da compositora Roseane Yampolschi para o site Artes Visuais e Música da UFPR.

 

A segunda edição da série Vozes e contou com a participação de Roseane Yampolschi, compositora, professora e pesquisadora da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Graduada em Composição pela UFRJ, Doutora em Música/Composição pela University of Illinois e com Pós-Doutorado pelo King’s College, Roseane atua nas áreas de Composição e Projetos Criativos em Arte Sonora da UFPR. Suas atividades em composição abrangem áreas diversas, conferindo-lhe prêmios no Brasil e no exterior. Tal diversidade foi incrementada pela inclusão, em sua formação, de uma Pós-Graduação em Filosofia, na UFMG.

Roseane dá grande importância à interdisciplinaridade na formação do músico. Além da formação como instrutora de Tai Chi Chuan, a compositora trabalhou também por 5 anos em terapia ocupacional, atividade que teve impacto em sua futura atividade composicional. A tomada de posse da música como atividade primeira teria sido, segundo a compositora, a conquista de um prêmio em composição oferecido pela Bienal de Música Brasileira Contemporânea. A partir daí reconheceu-se como criadora da área de Música e foi beber em outras fontes, dentro e fora do Brasil.

A linguagem musical de Roseane tem como preocupação os elementos timbre e textura, bem como a atuação do corpo e do movimento na criação. A Filosofia ocupa lugar de destaque, à medida que a compositora reflete sobre o diálogo em sua produção. Pensa na relação som/movimento, e sua atuação sobre o corpo. Entre suas obras estão Diálogos I e Diálogos II, Candeia e Zikhronot, esta última premiada na XXI Bienal de Música Brasileira Contemporânea em 2015.

 

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Convite para a exposição da instalação sonora Nem tudo é provisório, de Roseane Yampolschi e Eliana Borges.

 

A questão de gênero foi percebida mais conscientemente pela autora durante seu Doutorado nos EUA. A mesma diz ter notado uma sensibilidade diferente da de seus colegas do sexo masculino, principalmente porque ela compunha a partir da vivência do tempo em seu corpo, que era um corpo feminino.

Roseane reconhece que os feminismos tem suas particularidades de artista para artista, mas insiste que, tendo o corpo grande responsabilidade no ato da composição, ele marca definitivamente a obra criada por mulheres. Em sua visão, esta é a grande contribuição da mulher compositora para o âmbito da composição musical.

 

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Fotografia da instalação sonora Nem tudo é provisório, de Roseane Yampolschi e Eliana Borges.

 

Entre exemplos de seu trabalho composicional, Roseane apresentou Prosa e Verso, estreada em 2012, e Nem tudo é provisório, instalação sonora de 2010. Sobre esta última a autora disse no catálogo da exposição/instalação: “da natureza da arte interdisciplinar, diz-se que ela nasce e permanece híbrida. é o limite entre as suas bordas que atualiza a inter-relação entre os seus universos artísticos materiais e prevalecentes; é o limite entre as suas estórias que move as expectativas criadas pela memória, imaginação e sentidos. da natureza interdisciplinar, diz-se que ela nasce híbrida, conjugada e imperfeita como uma estrela.”

 

Leituras sugeridas

YAMPOLSCHI, Roseane. O estetismo na música contemporânea. In: Revista Aboré, vol.2, nº.2, 2006.

YAMPOLSCHI, Roseane. O corpo “fala”?: As sensibilidades do corpo na criação musical. Revista Vórtex, Curitiba, v.2, n.2, 2014, p.66-81.

Música e métier. Colóquio com Roseane Yampolschi, Antônio Carlos Borges Cunha e Harry Crowl, realizado durante o III Encontro Nacional de Compositores Universitários Curitiba, UFPR, 2005.

 

Transmissão

 

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Vozes – Roseane Yampolschi (Divulgação)

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Sonora convida para mais uma edição da série Vozes na próxima segunda-feira, 23/11, às 14h00. Nesse encontro, receberemos a compositora Roseane Yampolschi para falar do seu trabalho artístico. Excepcionalmente o encontro acontecerá na Sala 12 do CMU-ECA-USP.

Roseane Yampolschi é professora e pesquisadora da Universidade Federal do Paraná – UFPR nas áreas de Composição e Projetos Criativos em Arte Sonora. Doutora em Música/Composição (University of Illinois, 1997) e Pós-Doutorada pelo King’s College (2014), suas atividades em composição abrangem áreas diversas, com atuação e prêmios no Brasil e no exterior.

 

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Visões – “Resistência e feminismos indígenas”, com Léa Tosold (Divulgação)

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Sonora convida para mais uma edição da série Visões na próxima segunda-feira, 16/11, às 10h30, na Sala do Nusom. Nesse encontro, receberemos a pesquisadora Léa Tosold com o tema “Resistência e feminismos indígenas”.

A proposta é estabelecer um diálogo com os feminismos indígenas de maneira a permitir o questionamento de dualismos e formas estanques de ação política, bem como ampliar uma perspectiva crítica sobre o cotidiano enquanto político. A partir de exemplos da atuação de movimentos feministas em processos de resistência, será apontada a importância da abertura e do cultivo de esferas de compartilhamento em coletivo.

Léa Tosold é pesquisadora do Departamento de Ciência Política (DCP-USP), integrante do Gepô (Grupo de Estudos de Gênero e Política do DCP-USP) e do Comitê Paulista de Solidariedade à Luta pelo Tapajós, coletivo autônomo que busca fortalecer o processo de resistência dos povos indígenas, ribeirinhos e tradicionais ao projeto de construção de um complexo de hidrelétricas na região. Suas áreas de atuação são: teoria política e feminismos; interseccionalidades; políticas de diferença; epistemologias feministas; capitalismo, feminismo, territorialidades e violência; movimentos indígenas latino-americanos.

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Vozes – Barbara Biscaro

Bárbara Biscaro em "A menina Boba"
Barbara Biscaro em “A menina Boba”

Nesse encontro, inauguramos a série vozes com a presença da atriz, cantora, performer-criadora Barbara Biscaro. A Barbara, em passagem por São Paulo nos visitou e contou um pouco sobre seus trabalhos e projetos. Ela é de Florianópolis e trabalha na confluência do teatro com a música, especialmente no uso da palavra cantada na cena e nas dramaturgias para o teatro influenciadas pela linguagem musical. Ela fez seu doutorado em teatro na UDESC, com uma tese a respeito da vocalidade e da escuta. É curadora e organizadora do festival Vértice Brasil, ligado a uma rede internacional de mulheres de teatro chamada Magdalena Project. O Vértice existe há dez anos e vai realizar seu quinto festival no ano que vem.

A Barbara contou um pouco sobre as motivações para a criação de um encontro internacional de teatro feito por mulheres, o Vértice Brasil. A ideia foi conversarmos sobre estratégias de sobrevivência de grupos como a Sonora a partir da experiência dela em projetos semelhantes.  Ela falou sobre o formato dos eventos que organiza, sobre o esforço contínuo de horizontalidade nos debates em torno das agendas feministas, sobre a necessidade do convívio presencial com mulheres de outras culturas etc. Além disso, a Barbara nos apresentou  alguns de seus trabalhos artísticos mais recentes e de como o feminismo influencia sua perspectiva criativa, já que age criticamente no olhar do outro sobre a mulher, a atriz, a cantora.

O projeto Vértice Brasil faz parte da rede internacional Magdalena Project. Essa rede surgiu em 1986 no país de Gales, quando várias atrizes em um festival na Itália se deram conta de pouca participação de mulheres nos papéis de direção. Reflete sobre os papéis de atuação da mulher nos espetáculos, sobre o lugar da atriz e da cantora ser reservado à mulher como lugar do fetiche: a diva, a estrela, o objeto, mas nunca criadora do próprio discurso. Essas atrizes quiseram criar um festival organizado por mulheres e que foi se espalhando e assumindo um papel importante nas artes cênicas e no ativismo feminista. Hoje o Magdalena Project existe em mais de 24 países.

“O Projeto Magdalena tem o compromisso de fomentar a consciência da contribuição da mulher ao teatro e apoiar a experimentação e a pesquisa, oferecendo oportunidades concretas para o maior número possível de mulheres. Ele conta com uma estrutura singular que lhe permite funcionar internacionalmente e de ser adotado e ampliado por mulheres em todo o planeta.” (site Vértice Brasil)

Na segunda parte do encontro, a Bárbara falou sobre alguns dos seus trabalhos artísticos, como o espetáculo de 2010 – A menina boba. Esse trabalho toca no empoderamento discursivo das mulheres do início do século XX, especialmente da poetisa Oneyda Alvarenga.

“O espetáculo mistura as linguagens da música e do teatro para tecer uma dramaturgia baseada na obra da poetisa Oneyda Alvarenga e no ciclo de canções homônimo “A Menina Boba”, do compositor Cláudio Santoro. Explorando a voz cantada e falada em cena, o movimento abstrato e elementos da biografia e obra poética de Oneyda, a atriz-cantora tece a biografia da poetisa, misturando elementos reais e fictícios. As canções transitam desde o universo dodecafônico criado por Santoro até as modinhas imperiais brasileiras, criando um universo sonoro da cena em constante diálogo com o formato teatral da encenação.” (sinopse retirada do site de Barbara Biscaro)

 

Links recomendados

www.barbarabiscaro.blogspot.com.br

www.facebook.com/espetaculorecita

www.verticebrasil.net

www.themagdalenaproject.org/pt-br

 

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Visões – “Musicologia Feminista: Susan McClary e Suzanne Cusick”, com Tânia Neiva

Neste encontro eu fiz uma introdução à chamada musicologia feminista abordando o contexto acadêmico de surgimento da área, as principais visões e metodologias adotadas pela musicóloga feminista Susan McClary em seu livro Feminine Endings: music, gender and sexuality (lançado em 1991) e a crítica realizada à abordagem de McClary pela musicóloga feminista Suzanne Cusick. A fala foi baseada em uma comunicação realizada por mim, no mesmo ano (2015), na ANPPOM, intitulada: A musicologia feminista de Susan McClary e a crítica de Suzanne Cusick.

Eu comecei a me interessar pela questão da mulher na música durante minha segunda pesquisa de Iniciação Científica, realizada na Unicamp sob orientação da compositora Profa. Dra. Denise Garcia. Na época (2002-2003) analisei duas peças para piano solo da compositora Eunice Katunda. Durante a pesquisa percebi algumas lacunas na história da compositora e dificuldade em encontrar bibliografia – sobre Eunice Katunda, tinha pouca coisa escrita mas havia sido recém lançado o livro biográfico escrito pelo pesquisador Carlos Kater. Percebi também como a compositora era desconhecida mesmo do público de músicos e estudantes de música. Comecei a notar a quase inexistência de alunas de composição em cursos universitários de música no Brasil. Isso me levou a pesquisar, no mestrado (2004-2006), a inserção das mulheres no campo da composição musical erudita no país. Realizei cinco estudos de caso: Jocy de Oliveira, Maria Helena Rosas Fernandes, Vânia Dantas Leite, Marisa Resende e Denise Garcia, sob orientação da Profa. Dra. Lenita W. Nogueira. O que havia percebido intuitivamente, pela observação, pude confirmar através de estatísticas, relatos, trajetórias e, muitas vezes, pela ausência de dados e documentos.

Depois do mestrado fiquei um tempo afastada da academia me concentrando em tocar cello e dar aulas. Mudei de cidade com meu companheiro, Valério Fiel da Costa e tivemos um lindo filho, agora com três anos. Em 2014 fui chamada novamente para a academia. Vinha trabalhando desde 2013 com um grupo de performance e tenho me envolvido cada vez mais com a música experimental. Novamente as questões sobre as mulheres no campo da música voltaram! Dessa vez, no campo da música experimental: Quem são elas? Por quê é tão difícil, num primeiro momento, lembrar de nomes de mulheres fazendo música experimental? Atualmente estou realizando minha pesquisa de doutorado na UFPB sob orientação do Prof. Dr. Didier Guigue e co-orientação da Profa. Dra. Adriana Fernandes. E o tema da pesquisa surgiu como consequência da minha trajetória de pesquisadora e de artista, agora, com muito mais consciência das minhas escolhas ideológicas, políticas e acadêmicas, assumo com orgulho o termo feminista. Acredito que ele traz em si uma força para mudança e transformação para uma sociedade mais justa, representativa e igualitária!

Em 2014 iniciou-se uma discussão no facebook proposta por Lilian Campesato que deu origem ao nosso querido grupo Sonora! Aqui em João Pessoa iniciamos um grupo de estudos presencial sobre música e gênero! A Sonora e o nosso grupo de estudos daqui, têm se configurado como espaços de reflexão, discussão e ação de grande importância para mim!

Obrigada por toda a riqueza e variedade de pessoas e questões que aparecem na Sonora e pela oportunidade de compartilhar um pouco da minha pesquisa e da minha trajetória!

 

Referências

 

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