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Operacional

Ata da reunião de 18/09/2017 – interna

Pauta

De acordo com a reunião passada, a pauta de hoje enfoca o calendário de atividades da rede até o fim de 2017. Havia sido sugerido agendar uma entrevista da serie Vozes com a Renata Roman, uma da serie Visões com Eliana sobre o Colóquio do Chile, um GE sobre feminismo (com texto a escolher) e a participação da alemã que vem para o FIME.

Foram pré-agendadas as seguintes atividades:

  • 25/9 – Operacional. Escolha de textos sobre feminismos, conversa com a Pauliane sobre projeto com violonistas e flyers dos eventos futuros. Foi enviado um e-mail convidando a Pauliane a participar da próxima reunião por hangout.

Quanto aos textos, é desejável que quem puder envie e sugestões na lista.

  • 02/10 – Visões com Eliana
  • 16/10 – GE sobre feminismos (possibilidade de ser com grupo Vozeiral e coletivo feminista)
  • 23/10 – Vozes com Antonilde ou Renata Roman ou Flora
  • 30/10 – Operacional
  • 06/11 – Vozes com Antonilde ou Renata Roman ou Flora
  • 13/11 – Encontro com a flautista Sylvia Hinz
  • 27/11 – Encerramento

Além do calendário, durante a semana passada surgiram algumas sugestões de atividades:

  • Postar o áudio realizado por Isabel a partir da Homenagem-manifesto sonoro para Mayara Amaral apresentada no Congresso da ANPPOM 2017 no site da Sonora. Mariana fez um post na aba “Projetos” do site, na qual constam: o texto redigido por Eliana, Camila, Tânia e Isabel para contextualizar o áudio; a imagem de Mayara com o título “Que sua partida não seja silêncio”; o texto de Eliana lido por Isis no congresso e o texto de Camila publicado pelo Portal Catarinas.
  • Foi postado o link do projeto Mayara Amaral na página da rede no Facebook.
  • Lilian ficou de postar um post sobre a parceria da rede com a WISWOS no site, para depois colocarmos um link na página do FB.
  • Flora ficou de fazer o convite à Antonilde para Vozes, se possível quando ela vier a SP.

Próxima reunião

Escolha de textos sobre feminismos para GE, conversa sobre projeto com violonistas idealizado por Pauliane Amaral e flyers dos eventos futuros.

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Projetos

Manifesto por Mayara no congresso da ANPPOM

por Rede Sonora no XXVII Congresso da ANPPOM 2017 – texto escrito por Eliana Monteiro da Silva e lido por Ísis Biazioli

 

A rede “Sonora – músicas e feminismos”, vêm apresentar seu profundo pesar e consternação frente ao assassinato brutal da violonista e pesquisadora Mayara Amaral, ocorrido no dia 24 de julho de 2017.

Mayara era nossa colega, parceira de trajetória, professora e musicista dedicada à pesquisa do repertório, para seu instrumento, composto por mulheres. Com artigo sobre o assunto aprovado neste Congresso, esta jovem de 27 anos faria também uma performance, em que ampliaria nosso conhecimento e nos encantaria com obras pouco ou nada conhecidas do público em geral. 

Tal desconhecimento merece destaque neste documento por reafirmar o descaso, enraizado em nossa sociedade, à necessidade das mulheres de se expressarem e de serem ouvidas, respeitadas, levadas em consideração.

Mayara Amaral estava engajada nesta luta de maneira responsável e profissional, interpretando com alegria e fidelidade as autoras que divulgava, também, em sua produção bibliográfica. 

Embora sua presença física não esteja mais entre nós, pleiteamos que seu destino trágico possa impedir futuras barbaridades como a de que foi vítima, mediante ações afirmativas de combate à vulnerabilidade das mulheres na música e na vida – especialmente ao feminicídio-, bem como exigindo respeito e justiça nas investigações. 

Atenciosamente

Sonora – músicas e feminismos

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Projetos

Homenagem-manifesto sonoro para Mayara Amaral

O dia 24 de julho de 2017 ficará para sempre marcado na mente, corpo e alma de muitas mulheres brasileiras, especialmente as mulheres da música. Este foi o dia em que Mayara Amaral, violonista e pesquisadora da obra violonística criada por mulheres foi vítima de um feminicídio. Mayara era nossa colega na música, parceira de trajetória, professora e musicista dedicada à causa feminista na música. Quando foi brutalmente assassinada, se preparava para apresentar trabalho escrito e performance no Congresso ANPPOM 2017, evento de grande importância para a comunidade musical acadêmica.

A Rede Sonora – músicas e feminismos se empenhou em manifestar sua consternação através de diferentes ações de diferentes participantes, feitas em nome da Rede, como o texto “Pela Memória de Mayara Amaral, pelas vidas das mulheres na música e no mundo: #NenhumaAMenos” Pela Memória de Mayara Amaral, pelas vidas das mulheres na música e no mundo: #NenhumaAMenos”, de Camila Durães Zerbinatti, publicado pelo Portal Catarinas; o texto de Eliana Monteiro da Silva, que reivindica respeito e seriedade nas investigações sobre o crime hediondo que ceifou a vida de Mayara, assim como atenção para as diversas violências de gênero contra as mulheres, como o feminicídio, lido durante a performance colaborativa da Rede no Congresso da Anppom, e, a peça sonora que aqui disponibilizamos.

“Que sua partida não seja silêncio”

 

Esta peça sonora foi criada a partir de um convite da coordenação do citado Congresso da ANPPOM de 2017, na pessoa do professor Alexandre Zamith Almeida, para que a Rede Sonora realizasse uma performance artística no horário em que seria a apresentação da violonista Mayara Amaral no congresso. A performance foi realizada de forma colaborativa onde, a partir de um convite amplo, as participantes da rede Camila Zerbinatti, Carolina Andrade, Eliana Monteiro da Silva, Mariana Carvalho, Tania Neiva e Valeria Bonafé gravaram áudios relacionados com o feminicídio ocorrido com Mayara.

Este material foi processado por Isabel Nogueira, que também tocou sintetizadores, e transformou-se em uma criação sonora de 20 minutos, da qual esta peça é uma versão reduzida.

No momento da performance no congresso, foram realizadas improvisações por Mariana Carvalho, Flora Holderbaum e Isabel Nogueira sobre a peça sonora. Isis Biazioli leu o texto de Eliana Monteiro da Silva, que está disponível no site da Rede Sonora.

 

 

Áudios e vozes: Camila Zerbinatti, Carolina Andrade, Eliana Monteiro da Silva, Mariana Carvalho, Tania Neiva e Valeria Bonafé.

Sintetizadores e criação sonora: Isabel Nogueira

 

 

 

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Operacional

Ata da reunião de 11/09/2017 – interna

Pauta

A reunião de hoje não tinha uma pauta definida, uma vez que o último encontro enfocou a participação da rede na Assembleia da Anppom e no manifesto sonoro a ser realizado no mesmo congresso. Desta forma, foram discutidos os temas:

  • Organização da rede: foi sugerido retomar as atividades regulares da Sonora, paralelamente à chamada para a reunião extra feita pela Tania por e-mail para redefinir a organização da rede.
  • Quanto à reunião extra, ficou-se de reafirmar o convite por e-mail e completar o docs iniciado pela Valéria.
  • Carta em resposta à Revista Concerto: foi sugerido que redigíssemos uma carta contestando o artigo escrito pelo Júlio Medalha sobre o “Negro no Brasil”.
  • Carta em repúdio à suspensão da exposição de arte Queer patrocinada pelo Santander: foi sugerido que também nos manifestássemos contra este triste episódio.

Além destes tópicos, Mariana contou sobre a realização do manifesto sonoro em memória da Mayara Amaral no congresso da ANPPOM. Flora disse que há interesse do coletivo feminista em divulgar o áudio e/ou o vídeo do manifesto.

  • Foi lembrado que a Isabel se dispôs a fazer um arquivo conciso do manifesto sonoro para ficar no site da rede. Também foi citado que a Leila faria um vídeo para circular.

Eliana contou sobre sua experiência no III Colóquio Ibermúsicas Chile, realizado em Santiago. Ela pontuou a constatação de que, apesar de o convite aos 11 países que participaram do evento não ter sido restrito a mulheres, somente mulheres se dispuseram a apresentar trabalhos, o que mostra que são as mulheres que pesquisam sua participação na música. Também foi interessante notar que este interesse pela militância feminista se estendia a outros campos, como por exemplo o latino-americanismo, a inclusão racial e social.

  • Foi sugerido que esta experiência seja apresentada com mais detalhes em algum evento futuro da rede.

Lilian contou sobre a parceria que ela firmou em nome da Sonora com a WISWOS, WOMEN IN SOUND, WOMEN ON SOUND. Lilian disse que tomou esta atitude animada por sua participação num evento do Wiswos há alguns anos. O logo da Sonora, assim como o acesso ao site da rede, está entre os parceiros da Wiswos.

  • Foi sugerido que a Lilian contasse sobre esta parceria na lista de e-mails.

Lilian também contou sobre a flautista alemã, Sylvia Hinz, que virá ao Brasil participar do FIME. Ela enviou várias propostas para apresentar na Sonora, entre recitais-palestras, sessões de leitura de obras musicais de compositoras (es) brasileiras (os), palestras sobre mulheres na música, sobre música experimental, etc.

 

Próxima reunião

Calendário até o fim de 2017. Existem convidadas pendentes para Vozes, como a Renata Roman, Eliana para Visões, GEs sobre feminismo (fechar um texto), participação da alemã.

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Operacional

Ata da reunião de 28/08/2017 – interna

Por conta da baixa presença de participantes fizemos uma reunião rápida, sem transmissão por hangouts.

Assuntos tratados:

  • Decidimos não participar da assembleia da anppom por conta das questões pendentes discutidas na última reunião.
  • Decidimos também dar prosseguimento à chamada para a reunião de organização da rede, iniciada pela Tânia. Vamos discutir detalhes por email.
  • Semana que vêm não haverá reunião, pois não haverão atividades na usp por causa da semana da pátria.
  • A próxima reunião será dia 11 de setembro e a pauta será discutida por email.
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Ata da reunião de 21/08/2017 – interna

Pauta

A reunião de hoje deu continuidade à discussão sobre a organização da rede Sonora.

  • Foi lembrado que a Sonora se intitula rede, mas não tem agido como tal. Nota-se falta de liberdade e autonomia nas pessoas que a integram.
  • A ideia de definir um núcleo duro, levantada no encontro anterior, foi questionada. A dúvida é como resgatar o sentimento de pertencimento ao grupo sem que este pertencer signifique um posicionamento a ser aprovado ou julgado.
  • Foi apontado o fato de que a Sonora abarca várias instâncias, uma formada por pessoas que frequentam as reuniões presenciais e/ou por hangout; uma lista de e-mails frequentada por pessoas interessadas nas diversas formas de músicas e de feminismos; um ou mais grupos de whats up; um site; uma página no facebook, etc. Entender esta diversidade e dar espaço para as pessoas atuarem de acordo com suas possibilidades e seus interesses em cada momento parece ser uma das demandas.
  • Levantou-se a hipótese de marcar uma reunião especial, em horário especial, para dialogar sobre os novos caminhos da rede em seu processo de reestruturação com quem não pode estar no horário habitual das segundas-feiras. Tania se prontificou a elaborar um email-convite para este encontro, enviando-o primeiramente para as pessoas que estavam na reunião de hoje.

 

Outros assuntos tratados no encontro de hoje foram:

  • Manifesto sonoro Mayara Amaral a ser apresentado no congresso da ANPPOM. Mariana e Flora se ofereceram para tocar / improvisar sobre as gravações pré-processadas, que estão sendo enviadas por participantes da rede ao link indicado na lista de emails. Isabel está responsável pelo processamento dos áudios. Mariana se propôs a mandar um novo email à lista lembrando sobre o envio de áudios.
  • Além do manifesto sonoro, vai ser lida a carta inicialmente pensada para ser um abaixo-assinado em parceria com a presidência da ANPPOM.
  • Participação de integrantes da Sonora na assembleia do congresso da ANPPOM através da leitura de um texto comentando a conquista de espaço para crianças no congresso e o posicionamento da rede em relação ao abaixo-assinado sobre a morte de Mayara Amaral. A decisão sobre participar ou não ficou para a semana que vem.

 

Próxima reunião

  • Resolução sobre assembleia da ANPPOM.
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Ata da reunião de 14/08/2017 – interna

Pauta

A reunião de hoje se destinou, principalmente, a discutir a organização da rede: formas de participação, vínculos institucionais, canais de comunicação, dinâmicas dos encontros, etc. Esta era uma demanda antiga, que vinha sendo adiada, às vezes por falta de quórum, outras vezes por urgência de outras demandas que se sobrepuseram.

Também havia sido marcado para hoje o levantamento e processamento das gravações enviadas por integrantes da rede para o manifesto sonoro para Mayara Amaral, mas não houve tempo hábil..

  • Em relação às formas de participação, foram retomados alguns temas como quem é a rede e quem se sente parte da rede. Foi lembrado que o formulário realizado pela Tania em 2016, auxiliado pela Camila e outrxs, mostrou que muitas pessoas que quiseram preencher o formulário não necessariamente eram bastante ativas no cotidiano da rede, mas se sentiam parte dela.
  • Já tinha sido sugerido pela Isabel, via whats up, que a rede definisse um núcleo duro para se responsabilizar por projetos e decisões. Estes projetos e decisões seriam divulgadxs na lista. Foi falado em estipular prazos para que pessoas do núcleo duro possam entrar e sair deste núcleo.
  • Foi sugerido fazer um convite aberto na lista para pessoas interessadas em fazer parte do núcleo duro.
  • Valéria sugeriu que fossem formadas comissões por projetos em vez de por períodos, para que não haja um engessamento de funções. A rotatividade é importante, para não sobrecarregar pessoas e, ao mesmo tempo, para capacitar a todxs da rede.
  • Lilian levantou a questão da confiança nas comissões e respeito ao trabalho das mesmas. Existem decisões mais e menos delicadas, que devem ser levadas em conta.
  • Tania sugeriu que o núcleo duro tenha determinados fundamentos comuns, como regras a serem respeitadas.
  • Flora colocou algumas de suas experiências no coletivo feminista para dar exemplos de ações colaborativas.
  • Foi colocada a importância do apoio mútuo, da possibilidade de rever decisões, retomar ações, como o próprio abaixo-assinado para a Mayara Amaral. Todxs concordaram em que as reuniões não são definitivas em quanto a posicionamentos e projetos, que tudo pode ser repensado e temas que ficam em aberto podem e devem ser retomados. Foi discutido o fato de que as vezes as desconfianças criam barreiras.
  • Ao mesmo tempo foi colocado que a Sonora tem uma atuação política e que deve assumir isso. A dificuldade é a pluralidade de ideias, que também precisa ser respeitada. É um desafio da Sonora lidar com tudo isso.
  • Alguns assuntos internos sobre o painel que a Sonora mandaria à Anppom no congresso deste ano foram retomados e discutidos. Foi importante o fato de varias pessoas se abrirem e serem ouvidas.
  • Foi colocado o problema da centralização da rede em São Paulo, na USP e no grupo mais constante nas reuniões. Este ponto deve ser mais refletido pela rede.

Próxima reunião

  • Ficou decidido que a pauta da próxima reunião será a definição do núcleo duro da rede, bem como das possíveis comissões para projetos específicos.
  • Também ficou para o próximo encontro o levantamento e processamento dos arquivos de áudio para o protesto sonoro Mayara Amaral.
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Ata da reunião de 07/08/2017 – primeira do 2º semestre

Pauta

A primeira reunião do 2º semestre foi dedicada a assuntos propostos no último encontro de junho, bem como a temas que surgiram durante as férias de julho. Foram tópicos discutidos:

  • Abaixo-assinado sobre o assassinato da violonista Mayara Amaral
  • Convite do Alexandre Zamith para performance-homenagem à mesma
  • Organização da rede
  • Convite do Thiago Cury para a Sonora participar, com ele, do edital Proac de 2017

Abaixo-assinado

Foi discutida a relevância de se fazer um abaixo-assinado separadamente ao da ANPPOM, já que, enquanto aquela tem acesso a direcionar seu documento para outras instituições de ensino ou até do âmbito jurídico, a rede Sonora não teria as mesmas condições.

Assim sendo, decidiu-se fazer uma fala na plenária do congresso da ANPPOM, esclarecendo que a Sonora foi convidada para fazer o abaixo-assinado juntamente com a associação, mas divergiu em torno do termo feminicídio.

O texto originalmente confeccionado e aprovado pela Sonora será lido no tempo oferecido pelo Prof. Zamith para uma performance-homenagem-manifesto durante o congresso da ANPPOM, justamente quando Mayara faria uma performance sobre seu trabalho a respeito das compositoras de violão.

Convite do Prof. Zamith para performance-homenagem-manifesto a Mayara Amaral

Em relação ao convite feito à Sonora para fazer uma performance em homenagem e/ou manifesto pelo assassinato da violonista Mayara Amaral, foi decidido realizar uma intervenção pré-gravada e processada com as vozes das pessoas da lista interessadas em assinar o abaixo-assinado originalmente proposto pela Sonora. Cada gravação poderá ter até 1 minuto, em que as pessoas poderão externar sua consternação e/ou indignação pelo terrível ocorrido. O título da intervenção será o sugerido pela irmã de Mayara em texto previamente publicado no site da Sonora: “Que sua partida não seja silêncio”.

Foi feita uma chamada na lista para esta intervenção. As contribuições deverão ser enviadas em drive, arquivo wav, até o dia 14/8 por e-mail. Isabel se ofereceu para processar as gravações, com a ajuda da rede. O endereço a ser enviado o material é o link do google drive criado nesta reunião para este fim. Há abertura para sugestões e ideias em torno do tema. Foi feito um convite para que pessoas interessadas se envolvam também na fase do processamento das vozes, que pode ser realizada antecipadamente ou em tempo real.

Organização da rede

Em vista do pequeno número de pessoas presentes à reunião de hoje, o tema “organização da rede” foi mais uma vez adiado. Foi enviado um convite à lista para quem puder participar da próxima reunião, chamando atenção para a urgência de tratarmos o assunto tantas vezes pleiteado, sem mais adiamentos.

Convite do Thiago Cury

Em relação ao convite enviado à Sonora por Thiago Cury – para gravar um CD com obras de compositoras da rede a serem selecionadas mediante edital para participar do Proac 2017 -, foi considerado que o prazo limite (uma semana) é muito escasso para realizar uma proposta a contento da rede.

Próxima reunião

  • Organização da rede: formas de participação, vínculos institucionais, canais de comunicação, etc

 

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Quem é Mayara Amaral?

por Pauliane Amaral [1]

Minha irmã caçula, mulher, violonista com mestrado pela UFG e um dissertação incrível sobre mulheres compositoras para violão. Desde ontem Mayara Amaral também é vítima de um crime que parece cada vez mais banal na nossa sociedade: o FEMINICIDIO. Crime de ódio contra as mulheres, contra um gênero considerado frágil e, para alguns, inferior e digno de ter sua vida tirada apenas por ser jovem, talentosa, bonita… por ser mulher.

Em nenhuma matéria na imprensa vi essa palavra – feminicídio – talvez porque seja difícil para uma sociedade ter a consciência de que mais uma vez falhou e uma mulher, uma jovem professora de música de 27 anos, foi outra vítima da barbárie de homens que não podem nem serem considerados humanos. Foram três, três homens contra uma jovem mulher.

Um deles, Luis Alberto Bastos Barbosa, 29 anos, por quem ela estava cegamente apaixonada, atraiu-a para um motel, levando consigo um martelo na mochila. Lá, ele encontrou um de seus comparsas.

Em uma das matérias que noticiaram, o crime os suspeitos dizem que mantiveram relações sexuais com minha irmã com o consentimento dela. Para que o martelo então, se era consentido?

Estranhamente, nenhuma das matérias aparece a palavra ESTUPRO, apesar de todas as evidências.

Às vezes tenho a sensação de que setores da imprensa estão tomando como verdade a palavra desses assassinos. O tratamento que dão ao caso me indigna profundamente.

Quando escrevem que Mayara era a “mulher achada carbonizada” que foi ensaiar com a banda, ela está em uma foto como uma menina. Quando a suspeita envolvia “namorado” hiper-sexualizam a imagem dela. Quando a notícia fala que a cena do crime é um motel, minha irmã aparece vulnerável, molhada na praia.

Quando falam da inspiração de Mayara, associam-na com a história do pai e avô e a foto muda: é ela com o violão, porém com sua face cortada. Esse tipo de tratamento não representa quem minha irmã foi. Isso é desumanização. Por favor, tenham cuidado, colegas jornalistas.

Para nossa tristeza, grande parte das notícias dão bastante voz aos assassinos e fazem coro à falsa ideia de que os acusados só queriam roubar um carro. Um carro que foi vendido por mil reais. Mil reais. Um Gol quadrado, ano 1992. Se eles quisessem só roubá-la, não precisariam atraí-la para um motel.

Um dos assassinos, Luís, de família rica, vai tentar se livrar de uma condenação alegando privação momentânea dos sentidos por conta de uso de drogas. Não bastando matar a minha irmã, da forma que fizeram, agora querem destruir sua reputação. Eis a versão do monstro: minha irmã consentiu em ser violada por eles, elas decidiram roubá-la, ela reagiu fisicamente e eles, sob o efeito de drogas, golpearam-na com o martelo – e ela morreu por acidente. Pela memória da minha irmã, e pela de outras mulheres que passaram por esta mesma violência, não propaguem essa mentira! Confio que o Ministério Público não aceitará esta narrativa covarde, e peço a solidariedade e vigilância de todos para que a justiça seja feita.

Na delegacia disseram à minha mãe que uma outra jovem já havia registrado uma denúncia contra Luís por tentativa de abuso sexual… Investiguem! Se essa informação proceder, este é mais um crime pelo qual ele deve responder. E uma prova de como a justiça tem tratado as queixas feitas por nós, mulheres. Se naquela ocasião ele tivesse sido punido exemplarmente, talvez minha irmã não tivesse sofrido este destino.

Foi tudo premeditado: ela foi estuprada por dois desumanos. E em seguida, ela sofreu um homicídio qualificado: por motivos torpes, sem chance de defesa, por meio cruel, em emboscada, contra uma mulher que tinha uma relação afetiva com um dos assassinos. E só então levaram seus poucos pertences. Parem de tentar qualificar o caso como um roubo seguido de morte (latrocínio), como se fosse o roubo a motivação maior dessa barbárie!

O terceiro comparsa – não menos monstruoso – ajudou a levar o corpo da minha irmã para um lugar ermo, e lá atearam fogo nela, como se a brutalidade das marteladas no crânio já não fosse crueldade demais. Minha irmã foi encontrada com o corpo ainda em chamas, apenas de calcinha e uma de suas mãos foi a única parte de seu corpo que sobrou para que meu pai fizesse o reconhecimento no IML. “Parece que ela fazia uma nota com os dedos”, disse meu pai pelo telefone.

A confirmação veio logo depois, com o resultado do exame de DNA. Era ela mesmo e eu gritei um choro sufocado.

Eu vou dedicar o meu luto à memória da minha irmã, e a não permitir que ela seja vilipendiada pela versão imunda de seus algozes. Como tantas outras vítimas de violência, a Mayara merece JUSTIÇA – não que isso vá diminuir nossa dor, mas porque só isso pode ajudar a curar uma sociedade doente, e a proteger outras mulheres do mesmo destino.

#niunamenos #nenhumaamenos

 

[1] Texto publicado por Pauliane Amaral em seu perfil no FB.

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Pela Memória de Mayara Amaral, pelas vidas das mulheres na música e no mundo: #NenhumaAMenos

por Rede Sonora no Portal Catarinas – texto escrito por Camila Zerbinatti

É com profundo pesar que nós, da Rede Sonora – músicas e feminismos, escrevemos esse texto pela memória de Mayara Amaral, violonista, pesquisadora e professora de música. Escrevemos pelas vidas das mulheres na música e no mundo todo. Lamentavelmente Mayara Amaral, 27 anos, foi brutalmente assassinada, na noite da última segunda-feira (26), em Campo Grande/MS, em um crime que contou com a participação central de outro músico – um baterista que já tinha tocado e trabalhado com Mayara e que de acordo com as notícias locais, tinha um relacionamento com ela.

À família e às/aos amigas/os e conhecidas/os de Mayara, expressamos nossos sentimentos e nossa solidariedade. À essas pessoas pedimos desculpas e licença para falar do que aconteceu com Mayara nesse texto que chega em um momento tão grave e de tão indizível dor. Para vocês, nesse momento, dedicamos nossa total e irrestrita solidariedade, nosso apoio e nossas condolências – estamos com vocês.

(…)

Ler texto na íntegra

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Leia também:

Quem é Mayara Amaral?, por Pauliane Amaral

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Mais sobre Mayara Amaral:

Canal do Youtube

Dissertação de mestrado: A mulher compositora e o violão na década de 1970: vertentes analíticas e contextualização histórico-­estilística