Em parceria com a SONORA, o 4º Festival Música Estranha inaugura o PRÊMIO DE CRIAÇÃO MUSICAL-VISUAL: MULHERES CRIADORAS, que visa estimular autoras na criação de trabalhos inéditos que se situem na interseção entre a música e o meio visual. Serão selecionados até 2 projetos para serem apresentados ao vivo durante a programação do Festival. Cada projeto selecionado receberá um prêmio de R$ 1.500,00 para a criação do trabalho proposto.
As inscrições deverão ser realizadas até o dia 27 de outubro de 2016, até às 23h59, horário de Brasília, por meio do formulário online.
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Sonora convida para mais uma edição da série Vozes na próxima segunda-feira, 3/10, às 17h30. Nesse encontro receberemos a artista Janete El Haouli.
Janete El Haouli é musicista, produtora cultural e pesquisadora com ênfase em rádio como mídia experimental, em voz musical estendida, ecologia sonora e paisagem sonora. Possui bacharelado em Música (piano) pela Faculdade de Música Mãe de Deus de Londrina, PR (1977), Mestrado em Ciências da Comunicação com a dissertação “Demetrio Stratos: a escuta da voz-música” (1993) e Doutorado em Artes com a tese “RadioPaisagem” (2000), os dois últimos pela Universidade de São Paulo (USP). Realizou um Pós-doutorado pela Escola de Musica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sobre “Arte Acústica Radiofônica” (2007) e foi Professora na Universidade Estadual de Londrina (UEL), Departamento de Música e Teatro, entre 1981-2011. Criou e coordenou o programa radiofônico “Música Nova: rádio para ouvidos pensantes” (1991-2005) pela Radio UEL-FM e o Núcleo de Música Contemporânea da UEL (1993-2008). Foi diretora da Rádio Educativa UEL-FM (2001-2005), da Casa de Cultura da UEL (2007-2010) e do Setor de Informação e Comunicação do Centro Cultural São Paulo (2012). Em 2013 criou e atualmente coordena o espaço ‘TOCA: arte ação criação” na cidade de Londrina, através do qual segue promovendo e organizando atividades pedagógicas, de criação e de pesquisas na área da experimentação vocal, da arte radiofônica, da criação com paisagens sonoras e da ecologia sonora. Seus trabalhos tem sido apresentados em eventos no Brasil e no Exterior. Em 2014 recebeu prêmio internacional no Concurso de Produções Radiofônicas da 10ª Bienal Internacional de Rádio do Mexico. Integra o Collectif Environnement Sonore (France- Suisse) e o Grupo Ars Acustica International.
Sonora convida para mais uma edição da série Visões na próxima segunda-feira, 06/06, às 17h30. Nesse encontro a jornalista e pesquisadoraRosane Borgesfalará sobre sua trajetória profissional, os desafios e conquistas, as narrativas que tratam da mulher negra e suas representações pela mídia, e sua atuação, enquanto mulher, em instituições voltadas à igualdade racial.
Rosane Borges é jornalista, pós-doutoranda em Ciências da Comunicação pela ECA-USP, integrante do grupo de pesquisa Midiato (ECA-USP) e professora do Curso de Especialização do Celacc (Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação da USP). Foi coordenadora nacional do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (CNIRC) da Fundação Palmares, órgão do Ministério da Cultura, e professora do Departamento de Comunicação da Universidade Estadual de Londrina (UEL), onde integrou o corpo docente do mestrado em Comunicação Visual. Coordenou a Revista Nguzu (NEAA-UEL) e escreve regularmente nos portais de notícias “Obsevatório da Imprensa”, “Geledés” e “Áfricas”. Integra a Comissão Estadual da Verdade da Escravidão Negra (OAB-SP), a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-SP) e o Conselho Nacional de Promoção de Políticas da Igualdade Racial (CNPIR) da Seppir (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial). Possui diversos livros publicados, entre eles: Jornal: da forma ao discurso (2002), Rádio: a arte de falar e ouvir (2003) e Espelho infiel: o negro no jornalismo brasileiro (2004).
Sonora convida para mais uma edição da série Vozes na próxima segunda-feira, 23/11, às 14h00. Nesse encontro, receberemos a compositoraRoseane Yampolschipara falar do seu trabalho artístico. Excepcionalmente o encontro acontecerá naSala 12 do CMU-ECA-USP.
Roseane Yampolschi é professora e pesquisadora da Universidade Federal do Paraná – UFPR nas áreas de Composição e Projetos Criativos em Arte Sonora. Doutora em Música/Composição (University of Illinois, 1997) e Pós-Doutorada pelo King’s College (2014), suas atividades em composição abrangem áreas diversas, com atuação e prêmios no Brasil e no exterior.
Sonora convida para mais uma edição da série Visões na próxima segunda-feira, 16/11, às 10h30, na Sala doNusom. Nesse encontro, receberemos a pesquisadora Léa Tosold com o tema “Resistência e feminismos indígenas”.
A proposta é estabelecer um diálogo com os feminismos indígenas de maneira a permitir o questionamento de dualismos e formas estanques de ação política, bem como ampliar uma perspectiva crítica sobre o cotidiano enquanto político. A partir de exemplos da atuação de movimentos feministas em processos de resistência, será apontada a importância da abertura e do cultivo de esferas de compartilhamento em coletivo.
Léa Tosold é pesquisadora do Departamento de Ciência Política (DCP-USP), integrante do Gepô (Grupo de Estudos de Gênero e Política do DCP-USP) e do Comitê Paulista de Solidariedade à Luta pelo Tapajós, coletivo autônomo que busca fortalecer o processo de resistência dos povos indígenas, ribeirinhos e tradicionais ao projeto de construção de um complexo de hidrelétricas na região. Suas áreas de atuação são: teoria política e feminismos; interseccionalidades; políticas de diferença; epistemologias feministas; capitalismo, feminismo, territorialidades e violência; movimentos indígenas latino-americanos.
Esse encontro foi dedicado a um primeiro contato com o trabalho de pesquisa da compositora e musicóloga brasileira Maria Ignez Cruz Mello. De forma introdutória, fizemos a leitura de dois textos: um de Susan Fonseca, intitulado Etnografía y creación contemporánea: una aproximación desde el legado de Maria Ignez Cruz Mello, no qual a autora apresenta a pesquisa da Maria Ignez de modo panorâmico; e outro da própria Maria Ignez, intitulado Relações de gênero e musicologia: reflexões para uma análise do contexto brasileiro. Através dessas leituras pudemos compreender como se articulam os dois eixos principais do trabalho da Maria Ignez: a teoria de gênero e a música indígena.
Maria Ignez realizou ampla pesquisa (teórica e de campo) sobre o Ritual Iamurikuma, o maior ritual feminino do Alto Xingu, MT. Essa pesquisa resultou em seu trabalho de doutorado, intitulado Iamurikuma: Música, Mito e Ritual entre os Wauja do Alto Xingu (UDESC, 2005). No resumo de sua tese, ela diz:
“Esta tese é uma etnografia do ritual de iamurikuma entre os índios Wauja, do Alto Xingu. Com base na mitologia e no discurso nativo, o universo em torno deste ritual é analisado especialmente em sua dimensão musical. O ritual de iamurikuma, realizado pelas mulheres, é entendido como um dos lados de um complexo músico-ritual que envolve humanos e ‘espíritos’ apapaatai, tendo como sua outra face o mundo das flautas kawoká, que são tocadas pelos homens e não podem ser vistas pelas mulheres. A música, através de sua formalização e do jogo em torno dos sentidos e das proporções, é considerada o elemento central do ritual, constituindo a forma ideal de expressão dos afetos.” (MELLO, 2005, p. 4)
Desenho do ritual de Iamurikuma feito por Ajoukuma Waurá. Figura retirada da capa da tese de doutorado de Maria Ignez Cruz Mello.
A pesquisa de doutorado de Maria Ignez é bastante extensa e inclui: um relatório da sua pesquisa de campo realizada com os Wauja; um estudo sobre a sociedade xinguana, abordando temas como sistema sócio-cultural, língua, ritos, cosmologia e xamanismo; um estudo comparado entre os rituais iamurikuma e kawoká; uma descrição detalhada do ritual de iamurikuma que ela pôde observar presencialmente em 2001, incluindo algumas transcrições musicais; e algumas análises musicais das canções.
Em seu trabalho, Maria Ignez observou a forte marcação dos papéis de gênero entre os Wauja, que inclui esta a radical separação entre os rituais kawoká e iamurikuma. Enquanto iamurikuma seria um ritual exclusivamente feminino e estritamente vocal, o kawoká seria um ritual exclusivamente masculino e concentrado na música instrumental através do uso das flautas (instrumentos que não podem ser vistos pelas mulheres, sob risco de sofrerem estupro coletivo como punição). Porém, a despeito dessa aparente separação radical entre os rituais, Maria Ignez conclui a partir da análise dos dois repertórios que a música iamurikuma é de fato a música kawoká e que tal oposição não se sustenta exatamente no conteúdo musical. A partir desse eixo de leitura, ela desenvolverá sua hipótese de que esses rituais são complementares e constituem um complexo mítico-musical único.
Nosso encontro também teve a participação do compositor e musicólogo Acácio Piedade (UDESC), que acompanhou de perto o trabalho de pesquisa da Maria Ignez. Ele nos ajudou a compreender melhor algumas especificidades da sociedade Wauja. Ele nos contou, por exemplo, como o sexo é um assunto corriqueiro e tratado sem tabu entre os Wauja. Perceber esta e muitas outras diferenças entre os Wauja e a cultura branca ocidental nos conduziu à discussão sobre a impossibilidade de ler as questões de gênero entre os Wauja exclusivamente a partir da nossas experiências e perspectivas. O debate contribui muito para a importância de se pensar numa pluralidade inerente à noção de feminismo.
Para complementar nossas leituras, assistimos também o filme As Hiper Mulheres (2011) que mostra justamente todo o processo de preparação e realização do ritual Iamurikuma no Alto Xingu.
Maria Ignez Cruz Mello (1962–2008)
“Começou seus estudos de piano aos 3 anos de idade, e com esta idade começou a compor pequenas peças. Em 1969 ingressou no conservatório dramático musical de sp, onde completou o curso de piano como bolsista durante 10 anos, se formando em 1979. Foi premiada com no concurso de Composição “Troféu Bach”, promovido pelo Centro de Pesquisas Físicas, Biológicas e Musicais de São Paulo, durante quatro anos consecutivos:1975, 1976, 1977 e 1978. Trabalhou um tempo com demonstradora de piano, ainda criança, na loja Mappin em SP, e mais tarde como regente do coral da Justiça de SP em 1980-81. Participou do Festival de Inverno de Campos de Jordão em 1981, curso de regência coral com Henrique Gregori. Em 1981 ingressou no curso de composição da UNICAMP, tendo estudado com Almeida Prado e Damiano Cozzella e se formado em 1986. Fez cursos de composição eletroacústica com Conrado Silva em1986. Viveu na Alemanha e na Austria entre 1987 e 1989, tocando em diversos grupos, estudando música e alemão. De volta ao Brasil 1990, em SP, cantou no coral Psychophármacon, trabalhou como produtora cultural e abriu uma escola de música, Casa Dois. Mudou-se para Floripa em 1994, dois anos depois do nascimento de sua filha e de Acácio, Júlia. Depois do mestrado e doutorado em Antropologia na UFSC, sob orientação de Rafael Bastos,ingressou como profa. da UDESC em 2005. Em 2007 foi curadora da mostra de arte indígena NAAKAI: a trama ritual na vida wauja, Museu de Arte da UFPR.” (Biografia escrita por Acácio Piedade, disponível em: https://www.facebook.com/media/set/?set=a.498650460194838.1073741828.498644663528751&type=1)