Pertinência de uma carta de repúdio sobre ataque ao chat do youtube realizado durante a 1ª reunião de 2016.
Decisão de enviar carta sobre espaços para filhos de participantes da ANPPOM para grupo de discussões da entidade, bem como para instituições como ABEM e ABRAPEM.
Decisão de contatar diretoria da ANPPOM para propor apresentação da Sonora durante o congresso, a ocorrer em agosto de 2016, questionando também a possibilidade da rede realizar oficina paralela em espaços disponíveis durante o evento.
Trabalhos realizados
Confecção de calendário google no site da Sonora, divulgando eventos do 1º semestre mencionados no grupo gmail da rede.
Redação de carta de repúdio à agressão sofrida na 1ª reunião da Sonora em 2016. O documento foi encaminhado à lista de discussão do gmail para revisões e edição final, a ser postada no site.
Criação de usuários independentes para editar e postar no site da Sonora, com intuito de dividir tarefas.
Entrevista concedida
Foi concedida uma entrevista à jornalista Larissa, da Casper Líbero, sobre “onde estão as mulheres na música”, atividades da Sonora e como a rede encara e lida com as questões de gênero no ambiente musical e artístico.
Leitura e discussão da pauta proposta na chamada online
Divulgação de eventos da semana
Tópicos abordados
Invasão do chat e questões de segurança. Foi decidido que continuarão a ser transmitidas as reuniões do GE e series Vozes e Visões, portanto a cada 15 dias. As reuniões internas, que se alternam a estas, terão o link divulgado somente a membros do grupo Sonora no gmail, que participam efetivamente.
Foi decidida a criação de uma carta de repúdio ao ato de violência virtual praticado no primeiro encontro de 2016, e possível envio ao movimento Não Cala, entre outros.
Participação na ANPPOM. Foi sugerido o envio de sugestão de GT ou Painel sobre as atividades da Sonora à coordenação/diretoria do evento.
Discutiu-se a pertinência de confeccionar uma carta sobre a inclusão de assessoria para crianças e filhos de participantes na ANPPOM.
Direção da renda obtida na Vakinha. Site, provedor, cartazes, etc.
Repositório de obras musicais, links, biografias e assuntos relacionados. Sugeriu-se adotar o modelo do Sussurro ou similar.
Questão dos afrodescendentes, inclusão. Sugeriu-se convidar a pesquisadora e professora Djamila Ribeiro para falar de feminismo negro e interseccional.
Foram sugeridos textos sobre Grupos Estruturados (Jo Freeman), Consciência Mestiça (Glória Anzaldúa) e Cultura e Democracia (Marilena Chauí) para 28/3.
Foi sugerido pesquisar Florence Price e ouvir suas músicas (sec. XX).
Foi citada a necessidade de organizar visitas a núcleos como o da Consciência Negra, o Núcleo Feminista da USP, entre outros, para unir forças e divulgar trabalhos.
Foi sugerido fazer documento para divulgar o grupo no CMU News, bem como em outros jornais da USP.
Congresso em novembro na USP – ver pautas e participar como grupo.
Fátima Miranda no Brasil – pensar numa estratégia para aproveitar sua vinda.
Divulgação de debate “Quem tem medo das mulheres na ECA”.
Pensar na questão da educação para estimular a entrada de mulheres no campo da música e da composição. Congresso na Inglaterra convida Lilian Campesato.
Sinthgênero (oficina de sintetizador para mulheres) – ver onde e quando.
Criação de selo Sonora (virtual): como financiar e como fazer. Apoio do LAMI, etc. Fazer projetos para MINC, etc. Curadorias e gravações dos próprios membros do grupo.
Fazer uma mostra este ano.
Fazer um projeto para o grupo (FAPESP?), como uma ramificação do NUSOM?
Fotografia da compositora Roseane Yampolschi para o site Artes Visuais e Música da UFPR.
A segunda edição da série Vozes e contou com a participação de Roseane Yampolschi, compositora, professora e pesquisadora da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Graduada em Composição pela UFRJ, Doutora em Música/Composição pela University of Illinois e com Pós-Doutorado pelo King’s College, Roseane atua nas áreas de Composição e Projetos Criativos em Arte Sonora da UFPR. Suas atividades em composição abrangem áreas diversas, conferindo-lhe prêmios no Brasil e no exterior. Tal diversidade foi incrementada pela inclusão, em sua formação, de uma Pós-Graduação em Filosofia, na UFMG.
Roseane dá grande importância à interdisciplinaridade na formação do músico. Além da formação como instrutora de Tai Chi Chuan, a compositora trabalhou também por 5 anos em terapia ocupacional, atividade que teve impacto em sua futura atividade composicional. A tomada de posse da música como atividade primeira teria sido, segundo a compositora, a conquista de um prêmio em composição oferecido pela Bienal de Música Brasileira Contemporânea. A partir daí reconheceu-se como criadora da área de Música e foi beber em outras fontes, dentro e fora do Brasil.
A linguagem musical de Roseane tem como preocupação os elementos timbre e textura, bem como a atuação do corpo e do movimento na criação. A Filosofia ocupa lugar de destaque, à medida que a compositora reflete sobre o diálogo em sua produção. Pensa na relação som/movimento, e sua atuação sobre o corpo. Entre suas obras estão Diálogos I e Diálogos II, Candeia e Zikhronot, esta última premiada na XXI Bienal de Música Brasileira Contemporânea em 2015.
Convite para a exposição da instalação sonora Nem tudo é provisório, de Roseane Yampolschi e Eliana Borges.
A questão de gênero foi percebida mais conscientemente pela autora durante seu Doutorado nos EUA. A mesma diz ter notado uma sensibilidade diferente da de seus colegas do sexo masculino, principalmente porque ela compunha a partir da vivência do tempo em seu corpo, que era um corpo feminino.
Roseane reconhece que os feminismos tem suas particularidades de artista para artista, mas insiste que, tendo o corpo grande responsabilidade no ato da composição, ele marca definitivamente a obra criada por mulheres. Em sua visão, esta é a grande contribuição da mulher compositora para o âmbito da composição musical.
Fotografia da instalação sonora Nem tudo é provisório, de Roseane Yampolschi e Eliana Borges.
Entre exemplos de seu trabalho composicional, Roseane apresentou Prosa e Verso, estreada em 2012, e Nem tudo é provisório, instalação sonora de 2010. Sobre esta última a autora disse no catálogo da exposição/instalação: “da natureza da arte interdisciplinar, diz-se que ela nasce e permanece híbrida. é o limite entre as suas bordas que atualiza a inter-relação entre os seus universos artísticos materiais e prevalecentes; é o limite entre as suas estórias que move as expectativas criadas pela memória, imaginação e sentidos. da natureza interdisciplinar, diz-se que ela nasce híbrida, conjugada e imperfeita como uma estrela.”
No quarto encontro do nosso grupo, fui encarregada de apresentar 3 compositoras latino-americanas. Isto se deveu à minha familiaridade com o assunto, já que minha tese de Doutorado enfocou a música latino-americana do século XX. As três compositoras em questão foram praticamente pioneiras na música experimental e contemporânea do nosso continente, dado que participaram das primeiras experiências com equipamentos eletrônicos, uso de múltiplas mídias simultaneamente, incorporação de ruídos, silêncios e acasos em suas composições. Um importante laboratório para estes experimentos foi o Centro Latinoamericano de Altos Estudios Musicales (CLAEM), instalado no Instituto Torcuato Di Tella em Buenos Aires, em meados de 1962. Seu diretor era o conhecido compositor argentino Alberto Ginastera. Por este estabelecimento passaram duas das compositoras apresentadas neste evento.
Jaqueline Nova nasceu na Bélgica, em 1935, e faleceu na Colômbia, em 1975. Filha de mãe belga e pai colombiano, Nova mudou-se para Bucaramanga (CO) ainda na primeira infância. Iniciou sua educação musical aos sete anos, tendo aulas particulares de piano. Aos vinte anos passou a morar e estudar piano em Bogotá, ingressando no Conservatório da Universidade Nacional. Lá inicia a carreira de composição, sob orientação de Fabio González Zuleta. Foi a primeira compositora a se graduar neste estabelecimento.
De acordo com Ana María Romano (1), Jaqueline Nova demonstrou, em suas composições, o fascínio que sentia pelo momento presente e o desejo de romper com o que chamou de “glórias ou nostalgias ligadas à ideia de que tudo fora melhor nos tempos passados”. Para manter-se conectada ao momento presente, sentia necessidade de inserir à sua criação artística a tecnologia que havia disponível.
Nova rompeu com vários tabus nos idos de 1960-70. A escolha da composição por si só já representava uma ousadia para uma mulher da burguesia tradicional colombiana, às quais era mais conveniente o estudo do piano. O uso de novas tecnologias e de sonoridades pouco convencionais vêm assomar-se a este universo, respondendo a reflexões e questionamentos de ordem pessoal da compositora. Romano circunscreve estas descobertas no que chama de 1º momento da trajetória composicional de Jaqueline Nova, entre 1965 e 67.
O 2º período apontado por Romano (1) é justamente o que a compositora passa como bolsista no CLAEM, em Buenos Aires (AR), entre 1967 e 68. Lá Nova faz suas primeiras experiências em música eletroacústica, tendo à sua disposição um laboratório equipado com aparelhos de última geração. Estes recursos não eram possíveis na Colômbia de então. Desde este período a compositora passará a criar uma música mista, que dialoga com a tradição acústica e com a mídia eletrônica. Isto, aliado a posturas de natureza pessoal, a isolará ainda mais do ambiente musical colombiano, bastante conservador naquela época. A peça Oposición-fusión, para sons eletrônicos em fita gravada, marca esse período.
O 3º período criativo de Nova, entre 1969 e 75, caracteriza-se por sua volta à Colômbia e pela militância pela música experimental e contemporânea. Compõe o ciclo “Asimetrías” e ministra palestras-concerto, como “La música eletrônica”, em Bogotá e Medellín. Utiliza a experimentação como parte do exercício criativo, e justifica seu interesse na mesma pela semelhança entre as mudanças ocorridas na música e na vida humana. Emprega o ruído como material sonoro entre os demais. Desta época é a peça Creación de la tierra, para voz processada e fita gravada. Como material, Nova usa um texto original da comunidade colombiana de Boyacá, que trata da criação da Terra.
Jaqueline Nova morreu de câncer nos ossos, em 1975. Sua música integra elementos e técnicas como serialismo, aleatoriedade, músicas indígenas e música popular, além de utilizar meios eletrônicos juntamente com instrumentos da orquestra tradicional.
Graciela Paraskevaídis nasceu em Buenos Aires (AR), em 1940. Estudou no Conservatório Nacional de Música de Buenos Aires, seguindo como bolsista no CLAEM. Fêz intercâmbio em Freiburg, como bolsista do DAAD – Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico. Em sua biografia, Paraskevaídis cita o estímulo à composição e as importantes orientações recebidas de Roberto García Morillo, Iannis Xenakis e Gerardo Gandini, bem como o exemplo ético de Edgar Varèse, Silvestre Revueltas y Luigi Nono. Paraskevaídis atua também no âmbito acadêmico, fazendo pesquisa, lecionando e publicando artigos sobre a música contemporânea. É responsável pelo site Magma, onde disponibiliza partituras, textos, e dados de sua carreira profissional e pelo Latinoamerica-musica.net, dedicado à música da América Latina, no qual a compositora publica textos de sua autoria e de outros importantes compositores, professores e pesquisadores da música latino-americana. Paraskevaídis reside em Montevidéu (UY).
Sobre sua obra, Cergio Prudencio (BO) disse basear-se no uso do som como textura, concebendo o tempo espacial oposto a qualquer discursividade. O compositor aponta ainda a austeridade de material, podendo partir de um acorde, um cluster ou outro elemento de caráter interválico ou timbrístico; a estrutura contida, onde os materiais não fluem nem se repetem; a dinâmica sensível, cujo manejo convoca o ouvinte a se comprometer com a peça; e o uso de técnicas eletroacústicas.
… y allá andará según se dice, composta em 2005 para o 25º aniversário da OEIN (Orquesta Experimental de Instrumentos Nativos), dirigida por Cergio Prudencio na Bolívia.
Jocy de Oliveira nasceu em Curitiba (BR), em 1936. Teve entre seus professores de piano José Kliass, no Brasil, e Marguerite Long, em Paris. Como compositora, utiliza diferentes técnicas concomitantemente, como instalações, textos, vídeos, teatro e, logicamente, música. Compôs, dirigiu, e roteirizou seis óperas, apresentadas em países como Brasil, Alemanha e EUA. É autora e intérprete de 22 discos, além de ter gravado a obra pianística de Olivier Messiaen. Foi agraciada com a dedicatória de várias composições, como as de Claudio Santoro, Luciano Berio, John Cage e Iannis Xenakis. Recebeu prêmios de associações como Fundação Vitae, RioArte, Guggenheim Foundation, New York Council on the Arts, Rockfeller Foundation, entre outras.
Jocy de Oliveira fala um pouco sobre seu trabalho no clipe Imersão. Nesta retrospectiva, ela descreve uma obra em constante transformação, mas com alguns pontos que perduram, como, por exemplo, o acaso. Outros elementos que usa com frequência são a tecnologia e o teatro. Cria óperas, entre outros, para dar uma dimensão visual à sua música, pois acredita que o público está mais acostumado a ver do que a ouvir.