Tania esteve presente (fisicamente) à reunião da Sonora. Foi trabalhado o formulário que ela vem elaborando para sua pesquisa de Doutorado, mas que interessa diretamente a todas pessoas da rede.
As duas primeiras seções do formulário foram concluídas. A primeira equivale à introdução e explanação da rede Sonora e a segunda aos dados pessoais das pessoas que a integram.
O item 3 aborda aspectos profissionais. Neste item, muitas questões pareceram complexas demais para serem definidas em uma reunião. Este item 3 foi deixado em aberto para discussão.
Encontra Sonora
Valeria expos a reunião que ela teve com o responsável pela programação do Centro Cultural São Paulo em relação ao Encontra.
Foram colocadas as especificidades da Sonora, do Centro Cultural e do evento Música Estranha, que ocorrerá no CCSP no mesmo fim de semana que o Encontra Sonora.
Thiago Cury, responsável pelo Música Estranha, participou da última parte da nossa reunião. Ele expôs o conceito de “música estranha” e contou que o festival homônimo está na 4ª edição. O festival enfoca a composição contemporânea.
Thiago Cury tem interesse nas questões de gênero e quer unir forças no fim de semana em que a Sonora se apresentará no CCSP (26-27/11).
Em vista deste panorama ficou decidido que a Sonora será parceira do Música Estranha em uma oficina infantil de música criativa, e no lançamento de um edital para composição a ser apresentada no concerto da noite, ambas as atividades no sábado 26.
Thiago se comprometeu a enviar o edital de composição hoje para apreciação e edição. Mariana e Eliana se comprometeram a ler, dar contribuições e passar para as pessoas que estiveram na reunião hoje.
Ficou decidido que o domingo 27 será totalmente dedicado ao Encontra Sonora, com mesas de debates e recital à noite.
Protesto Sonora
Ariane trabalhou na edição durante a reunião.
Ficou decidido que o protesto irá ao ar esta semana.
Próximo encontro
Serie Vozes com Janete e a Radio Arte. Ariane e Valéria se comprometeram a fazer o post de divulgação.
Foi discutida a necessidade de aumentar o número de samplers e talvez diminuir o volume de alguns arquivos enviados.
Discutiu-se a pertinência de colocar instruções de uso da página, para que o resultado seja obtido.
Falou-se em fazer um GE com textos enviados pela Camila, dos quais 3 foram selecionados pela Tania por abordarem mais especificamente o aspecto misógino do impeachment.
Radio Sonora
Valeria colocou a questão da trajetória da Sonora, que parte de vários pontos e pessoas diferentes com propósitos diversos.
Vai ser mantido o formato rascunhado na reunião do dia 12/9, com alteração da parte histórica da rede.
O programa terá, a princípio, 1h de duração.
Uma possibilidade é fazer o 1º programa com as pessoas mais assíduas às reuniões que estiveram na rede desde o início:
Surgiu a ideia de dividir o grupo em vários programas, tendo sempre alguém assíduo às reuniões e alguém de fora. O formato poderia ser o da serie Vozes.
As vinhetas podem ser sobre temas diversos, relacionados aos próprios programas e às pessoas que estão presentes cada vez.
Outra sugestão é que cada pessoa traga 5 áudios que a inspiram ou feitos por ela. Entre os áudios inserem-se conversas e vinhetas.
Formulário Tania
Foi levantada a importância do trabalho que está sendo realizado pela Tania Neiva, de mapear xs membrxs da Sonora. É essencial dar ideias, criticar e colaborar com esta pesquisa, que está no link passado por ela na lista.
Encontra Sonora
Valeria está em contato com o Centro Cultural. O responsável pela entidade colocou a questão do festival Música Estranha, que ocorrerá na mesma semana do Sonologia. Ele propõe que os três eventos conversem e entrem num acordo pelas datas.
Sobre o local a ser realizado o Encontra Sonora, Mariana disse que entrou em contato com a Praça das Artes. O responsável pelo local mostrou interesse, mas não ofereceu o auditório, instrumentos ou aparelhagem, devido à proximidade da data. Por sua vez, Sarah disse à Mariana ter entrado em contato com o espaço Maria Antonia (que Eliana iria contatar), sem obter retorno. Ariane, que ficou responsável pelo contato com os encarregados pelo estúdio Fita Crepe, não entrou em contato ainda. Davi tentou contatar a Biblioteca Mario de Andrade, mas ainda não teve retorno. Valéria está em contato com o CCSP, que parece ser o local mais indicado. Até o momento estamos aguardando respostas.
Programa para Radio USP:
Ariane pesquisou alguns sites e colocou os links no documento relativo ao programa que foi aberto no google docs. Até hoje somente a Bella havia mandado áudio para o programa, sendo seguida pela Mariana que mandou hoje à noite.
Sobre os depoimentos para o item “Sonora é”, referente à vinheta, ficou decidido que será lançado um pedido na lista de e-mails na semana que vem, para não confundir com o protesto sonoro que está arrecadando materiais durante esta semana.
Por enquanto foi elaborado um roteiro para o 1º programa, que inclui: vinhetas, repertório e história da Sonora. A ideia é intercalar bate-papo com os três itens.
O roteiro segue os tópicos:
Falta de exemplos musicais de compositoras para aulas
Intenção de elaborar um repositório com trabalhos de mulheres
A partir do encontro do FIME foram levantadas questões sobre feminismo no contexto da música
O congresso da ANPPOM chamou a atenção para o trabalho das musicólogas feministas, e a Sonora convidou a Tania para apresentar sua comunicação do congresso. Isto abriu a percepção da rede para a necessidade de conhecer a literatura da musicologia feminista.
Foram realizados grupos de estudo sobre textos (GE)
Iniciaram-se as series Vozes e Visões
Foi criado o site e surgiu o nome Sonora
Surge interesse em procurar autores brasileiros que estudavam questões de gênero e de minorias. Foi criada a serie Visões, para as quais foram entrevistados Acácio Piedade (para falar do trabalho da Maria Ignes Cruz Mello com as mulheres indígenas); Lea Tosold (feminismo indígena); Isabel Nogueira; Lilian Campesato e Rosane Borges.
Cria-se a serie Vozes, que entrevistou Bárbara Biscaro; Roseane Yampolschi e Valéria Bonafé.
Georgina Born:
O texto escolhido para o encontro da semana que vem, dia 19/9, foi o que aborda as questões de gênero. Ainda não ficou definido quem vai apresenta-lo na reunião que reunirá membrxs da Sonora com participantes do NuSom.
Protesto Sonora:
Ariane disse que até o fim da semana consegue cortar, converter e passar para o formato definitivo as contribuições dadas pelxs membrxs da lista de e-mails.
Trabalhos realizados
Foi elaborado o roteiro para o 1º programa de radio que será oferecido pela Sonora à radio USP. Os dados, também apresentados nesta ata, foram adicionados ao documento em elaboração do docs.
Próximo encontro
Pedir vinhetas “Sonora é” e verificar material de repertório para programa de rádio.
Fechar lugar do Encontra Sonora para lançar edital na lista (fazer edital).
O primeiro tópico discutido foi a questão do espaço para o encontro de participantes da rede Sonora, a se realizar no último fim de semana de novembro, após o congresso de Sonologia. Foi apontado que seria interessante ter um local de fácil acesso ao público, com lanches ou cafés ao redor. Isto, a princípio, afastaria a possibilidade de realiza-lo na USP. Opções viáveis seriam a Biblioteca Mario de Andrade, Espaço Maria Antônia, Centro Cultural, Praça das Artes e Estúdio Fita Crepe.
Divisão de tarefas: Ariane se comprometeu a contatar o Fita Crepe, Mariana o Maria Antônia, Valéria o Centro Cultural, Davi a Biblioteca Mario de Andrade e Eliana a Praça das Artes. Tais contatos deverão ser feitos por e-mail.
O encontro, chamado provisoriamente de Encontrão, foi renomeado para Encontra Sonora: Músicas e Feminismos.
Foi delineado como possível cronograma:
Definição de lugar até 12/9.
Chamada de apresentações na lista – segunda quinzena de setembro
Fechamento da programação: outubro
Programas para a Radio USP:
Nas reuniões anteriores decidiu-se que seria elaborado um pacote de 4 programas, com conteúdo derivado das atividades da Sonora neste um ano e meio de existência.
Para o primeiro programa, intitulado “Sonora É”, três tópicos foram escolhidos:
Sonora é (áudios com definições do termo gravados por participantes da rede). Esta será a parte mais processada e experimental.
Músicas (trabalhos) de autoria dxs membrxs artistas.
Relatos de assuntos e entrevistas realizadas.
Ficou decidido que o foco inicial será nxs membrxs mais atuantes da rede, que disponibilizarão obras de seus repertórios, passando às integrantes menos assíduas.
O programa contará com um tempo para bate-papo sobre a Sonora, o que o termo sugere, etc.
Trabalhos realizados
Foi redigido um primeiro “boneco” do release de apresentação do Encontra Sonora, com intuito de conseguir espaços para sua realizaçào. Eliana ficou responsável por colocar o documento no Docs para que todxs possam contribuir com sugestões.
A data limite para que enviemos e-mails aos representantes dos espaços selecionados será sexta-feira 2/9.
Próximo encontro
Como dia 5/9 não haverá reunião, devido ao fechamento da USP pela Semana da Pátria, o encontro do dia 12/9 será dedicado à programação da radio.
Será avaliado o repertório coletado.
Será dedicada meia hora para questões ligadas ao evento Encontra Sonora.
Nomes levantados na reunião passada para as series Vozes e Visões do semestre
A musicista e pesquisadora Janete El Haouli se colocou a disposição para participar da serie Vozes em duas datas: 26/9 ou, no mês de novembro, próximo ao encontro Sonologia. A data em setembro pareceu mais interessante ao grupo devido ao projeto do programa de rádio que está sendo delineado, para o qual a pesquisadora poderia colaborar dando informações de sua vasta experiência no assunto.
Janete ofereceu dois temas possíveis para sua entrevista: os programas de rádio e radio-arte, ou as vozes do radio. O primeiro pareceu mais pertinente.
A fim de preparar tal encontro, foi proposto um GE com textos da Janete no dia 12/9, com a possibilidade de estender o assunto até o encontro do dia 19/9. Esta possibilidade deverá ser confirmada, uma vez que o dia 19/9 está reservado, inicialmente, para o GE de Georgina Born, juntamente com o NuSom.
Outras convidadas sugeridas no encontro anterior foram a compositora Denise Garcia e Renata Roman, disponíveis, provavelmente, em outubro. De acordo com o cronograma do semestre as melhores datas parecem estar entre os dias 17/10 e 14/11.
GE dos grupos Sonora e NuSom com textos de Georgina Born
Foi sugerido o 2º artigo da autora disponível no Academia.edu. Davi se responsabilizou por cuidar deste GE, sugerindo o texto citado aos demais integrantes do NuSom.
Paralelamente ao GE, Valéria trouxe a informação de que há um interesse dos participantes do NuSom em conhecer melhor as atividades da Sonora, através de uma participação da rede nos encontros do grupo. Poderia ser feita uma apresentação de 20 min. aproximadamente, com o conteúdo das pesquisas realizadas (e não informações práticas relacionadas ao site, reuniões, etc.).
Encontrão
Uma possível data seria o fim de semana 26-27/11. Valéria se responsabilizou por contatar o CCSP e/ou o Fitacrepe para ver se algum deles se interessa em ceder o espaço. Eliana se responsabilizou por lançar o convite na lista de e-mails.
Programas para Radio USP
Foi sugerido retomar o brain storm da formação da Sonora, quando participantes mandaram suas ideias acerca da palavra SONORA. A fim de coletar material para uma possível vinheta, xs interessadxs gravariam a sua ideia e mandariam para ser processada.
Trabalhos realizados
Foi aberto um arquivo no google docs para rascunhar o projeto do programa de radio.
Ouviu-se alguns trechos de programas da Rede Radio Arte para ter noção de formatos existentes. Um dos ouvidos foi o realizado por Janete El Haouli para a rede.
Foi sugerida a escuta de La marche de l’histoire, produzido pela France Inter. O episódio recomendado foi Pierre Schaeffer, La radio de léndemains. O programa traz entrevistas e amostras de programas de radio feitos ao vivo por Schaeffer.
Próximo encontro
Confecção do Programa 1 a partir de sessões de escuta de programas selecionados.
Cada integrante deverá trazer uma amostragem de programa de sua preferência. Ariane se comprometeu em trazer um realizado por Renata Roman.
Reinício das atividades retomando os projetos do 1º semestre
Lilian, em seu último encontro antes do nascimento de sua filhinha, fez um breve retrospecto dos planos que foram idealizados no 1º semestre. Entre eles, ressaltou o convite que foi feito à rede Sonora no início do ano para um possível projeto na Rádio USP, enfocando nossa pesquisa sobre mulheres na música.
Um segundo tópico apontado por ela foi a ideia de confeccionarmos um selo de gravação Sonora on-line. Foi discutida a possibilidade de uma parceria com o LAMI para as gravações e publicações das mesmas.
Valéria propôs o terceiro tópico, que seria o de realizarmos um “Encontrão Sonora” envolvendo a apresentação de trabalhos de participantes da rede. Este evento aproximaria integrantes que não habitam em São Paulo, mas que são assíduas (os) participantes via hangout.
Ficou estabelecido que não seria viável abraçar as 3 propostas. As mais atraentes pareceram ser os programas de rádio e o Encontrão, ainda assim em formatos concisos.
O prof. Iazzetta opinou que os programas de rádio, em geral, abarcam entrevistas, audição de obras e alguns comentários extras. Ele crê que um pacote fechado, com X programas, temas, etc., seja mais fácil de ser aceito pelos responsáveis pela programação.
Lilian sugeriu mesclarmos nosso trabalho de pesquisa sobre compositoras com a escuta de obras de mulheres.
Foi acordado que seria possível fazer um projeto com 4 programas, com uma amostragem do que aconteceu neste 1 ano e meio de Sonora. Eliana sugeriu os temas: música indígena, questões raciais, compositoras latino-americanas e mulheres na música experimental, com base nos GEs, Sessões Vozes e Visões constantes do site.
Relatos das atividades do mês de julho, em que as reuniões formais estavam suspensas
Eliana contou da experiência de participar do evento internacional “Sonora Compositoras”, compondo uma mesa de debates sobre a Mulher Multi. Apesar da coincidência do nome, o evento não tinha relação direta com a rede Sonora, a não ser pelo objetivo comum de dar visibilidade e valorizar a produção das mulheres na área da Música. Coordenada pela compositora Larissa Baq, a mesa debateu as diversas atividades assumidas pela mulher musicista para divulgar sua atividade artística: produzir, estudar, apresentar, divulgar, criar. Também abordou-se as dificuldades e obstáculos que o ambiente machista da música impõe a quem quer desafiá-lo.
O evento Sonora Compositoras teve lugar em diversas cidades do Brasil e em algumas do exterior. Em cada localidade ele pode ter um perfil diferente, de acordo com a curadoria. Após a realização em São Paulo, algumas integrantes da rede Sonora assumiram a coordenação de eventos em outros estados: Isabel Nogueira em Porto Alegre (RS) e Flora Holderbaum e Camila Zerbinatti em Florianópolis (SC).
Flora falou, por hangout, da experiência que está sendo organizar o evento em Florianópolis. Ela e Camila estão propondo fóruns de discussão em meio aos shows e eventos. Também estão propondo uma maior participação de compositoras e intérpretes ligadas à música erudita e experimental do que ocorreu em SP.
Ariane contou de sua participação em 2 eventos no mês de julho: o CMMR International Symposium on Computer Music Multidisciplinary Research e o FIME (Festival Internacional de Música Experimental). Em relação a este último, além das apresentações foram feitos 2 encontros com as pessoas da rede Sonora e do Projeto Dissonantes.
Estas reuniões foram realizadas no SESC Consolação, com a presença dos coordenadores do FIME. Em pauta relatos e discussões sobre a dificuldade das mulheres em ocupar espaços para mostrar trabalhos, ainda que estes espaços sejam acessíveis – como é o caso do Projeto Dissonantes.
Flora lembrou a apresentação de Fernanda Aoki no FIME, tratando de assuntos feministas. A convite de Fernanda, várias integrantes da Sonora e das Dissonantes participaram de sua performance.
Trabalhos realizados
Leitura de Edital Ibero-americano para financiamento de eventos, visando viabilizar o Encontrão Sonora.
Próximo encontro
Foi acatada a sugestão prévia dada por Camila de convidar a compositora Marcela Lucatelli para uma entrevista na série Vozes. Marcela falaria sobre a própria obra e sobre a experiência que teve em Darmstadt ao assistir o festival de 2016, com atividades dedicadas à questão de gênero. Para este evento faríamos flyers online, em vez de papel. Mariana sugeriu divulgar no CMU News. Outras possíveis convidadas seriam a compositora Denise Garcia e Renata Roman.
Textos para GEs: ficou combinado que procuraremos artigos de Georgina Born, futura convidada do Congresso de Sonologia em novembro deste ano. Como a antropóloga abraçou a causa feminista somente nos últimos anos, foi decidido que o texto deveria ser desta fase mais recente.
Davi Donato ficou de mandar algumas sugestões de textos da Georgina Born que ele conhece. Valéria apontou um interesse do NuSom em estudar a produção de Georgina conjuntamente com a Sonora.
Ficou programado fazermos um projeto para os programas de radio para a Radio USP.
“A casa e a represa, a sorte e o corte – ou: a composição musical enquanto imaginação de formas, sonoridades, tempos [e espaços]”. Por Valéria Bonafé.
Tópicos
Valéria pautou este encontro da série Vozes em sua tese de Doutorado, intitulada “A casa e a represa, a sorte e o corte – ou: a composição musical enquanto imaginação de formas, sonoridades, tempos [e espaços]”. Para conduzir o público pelas diversas linhas que tecem seu trabalho ela propôs algumas leituras e escutas durante a apresentação. Os materiais sugeridos foram usados em sua pesquisa e também são citados na redação final.
Um dos textos lidos foi Palomar na praia – leitura de uma onda, de Ítalo Calvino. Palomar foi o último personagem criado por Calvino e tem o mesmo nome de um observatório norte-americano. Ele também é um observador, ponto que o aproxima do pesquisador.
O outro texto, A arte da pesquisa em artes – traçando práxis e reflexão, de Kathleen Coessens, versou sobre a diferença entre a visão prismática e a visão binocular. Kathleen diz que “a arte não olha para o mundo através de binóculos, mas sim através de um prisma”. Valéria compartilha esta ideia de Coessens, evocando a imagem da câmara de espelhos projetada por Leonardo da Vinci.
Com os elementos citados Valéria compara a pesquisa científica, que relaciona à visão binocular, à pesquisa artística, relacionada ao prisma. Sua tese enfoca a análise e a composição musical. Enquanto disserta sobre aspectos composicionais, a autora se autoanalisa. É este lugar de crítica objetiva e de subjetividade que está sendo pesquisado e apresentado em sua tese.
A menina que virou chuva, composta para orquestra em 2013, é uma das peças descortinadas pela compositora. Ela conta como a ideia surgiu, numa noite em que sua irmã dera à luz uma menina. O bebê teve uma curta trajetória na vida familiar de Valéria, vindo a falecer em poucas horas. A artista decide então trabalhar com a morte, elaborando o material composicional como elaborou o sentimento do luto pela sobrinha.
A peça foi dividida em 3 partes, relacionadas a momentos naturais da formação da chuva. Evaporação, condensação e liquidificação são associadas a emoções que se transformam com o passar do tempo, como numa experiência de perda.
Apesar de testemunhar que a imagem é bastante relevante em suas criações, Valéria conta que fez a nota de programa para a estreia da peça totalmente desvinculada de qualquer conteúdo programático. Expôs somente os dados teóricos, informações sobre intervalos, clusters, etc.
A escrita usada em sua tese é bastante flexível, passa tanto por descrições minuciosas de detalhes técnicos como por trechos autobiográficos mais coloquiais. A intenção foi ordenar momentos de sua vida profissional, pontuando sua obra.
O resultado é uma tese com formato é livre e artístico, dando prioridade à estética, à poética e à informação. É uma forma ousada, considerando o contexto acadêmico em que foi gerada e onde está prestes a ser arguida.
Do debate
Entre as questões suscitadas pela apresentação de Valéria, uma abordou a resistência da autora em relatar o momento emocional que inspirou a composição A menina que virou chuva. Foi perguntado também se a questão de gênero pesou para que ela assumisse uma escrita mais científica, desvinculada de aspectos tido como sensíveis – habitualmente relacionados à figura feminina.
Valéria disse que a pseudo “timidez” tinha mais a ver com o momento de sua carreira, em que ela ainda não tinha tanta experiência em escrever programas para suas próprias peças. Sua “personalidade artística” estava um tanto quanto em formação. A escrita de sua tese, num formato fora dos padrões acadêmicos, mostra como este trajeto já está bastante sedimentado, tendo mais a ver com seu desejo de como quer ser entendida pelo público.
Outra questão foi sobre o formato do texto da tese. Valéria disse que escolheu escrever em pequenos cadernos para não “entregar” a sua própria interpretação ao leitor. Ela espera que o leitor mergulhe nos diferentes cadernos, vídeos e gravações, assimilando as informações sobre sua música à sua maneira. Como se o leitor entrasse com a tese na câmara de espelhos de da Vinci.
Surgiu também o interesse no que resultou do processo de autoanálise a que a autora se submeteu durante a confecção de sua tese. Se ela encontrou “lados obscuros” de sua personalidade e se este processo motivou outras escolhas composicionais.
Valéria disse que a tese motivou uma retomada de material e de processos que foi gostosa e importante. No momento atual ela se diz ansiosa por compor, já que esteve envolvida com a redação do trabalho por mais de um ano.
Em relação a sua relação com a interpretação de sua obra, Valéria disse que gosta de interagir com o/a intérprete na construção das sonoridades de suas peças. Ela disse que toca suas obras ao piano, nem sempre na velocidade ideal, mas nunca as ouve no computador. Escreve à mão, no papel, depois passa para a versão digitalizada.
Em relação ao feminismo, diz que o convívio com a Sonora impactou sua vivência pessoal e profissional. Isto pode ser notado em sua tese, influenciando a maneira como a redigiu. Já há algum tempo Valéria havia percebido a pouca representatividade das mulheres na composição erudita, quão poucas eram suas colegas na faculdade e no meio musical em geral. Há uma vontade de modificar e recriar este panorama.
O Grupo de Estudos deste encontro foi dedicado à preparação da próxima entrevista da série Vozes com a compositora Valéria Bonafé, marcada para o dia 27/6. O texto lido e discutido foi indicado previamente por Valéria, juntamente com outros de sua própria tese de Doutorado – assunto que ela abordará na entrevista. Ela sugeriu também algumas peças musicais para escuta. Durante o encontro foi ouvida a composição Trem Pássaro, da brasileira Denise Garcia.
Valéria contou que escolheu o texto “A espessura da sonoridade – entre o som e a imagem”, de Rodolfo Caesar, entre vários que ela estudou sobre o tema durante seu Doutorado na ECA-USP. Ela explicou que a ideia de som passou a ser bastante instrumentalizada nos últimos anos, tornando-se muito abstrata. No texto selecionado, Caesar discute o afastamento de uma noção mais holística do fenômeno sonoro – que separa, por exemplo, som e imagem – colocando uma perspectiva mais abrangente e menos operacional.
Caesar critica o uso de uma técnica de desestruturação do som como legitimação de uma teoria voltada para as qualidades deste som. O autor chama atenção para a existência de duas forças no som: uma centrípeta, que se volta para o seu “miolo”, e outra centrífuga, que se coloca abrangente e com potencial de superar barreiras.
Entre outros aspectos discutidos após a leitura do texto de Caesar, um foi o fato de que escutar é formar imagens. O que se tem observado é uma separação da prática da escuta e da formação de imagens. Em nome da chamada “escuta reduzida”, bastante disseminada por Pierre Schaeffer, as sonoridades são filtradas de seu contexto e das emoções ou ideias que possam sugerir. Foi concluído que este procedimento é feito em nome de um protecionismo à própria arte musical.
Foi comentada também a existência de uma estética que evita que os títulos das obras remetam-se a assuntos que extrapolem a própria música. Os títulos de músicas eletroacústicas são, majoritariamente, assépticos, como Chorus n. tal, Estudo n. tal, etc. Esta postura pretende criar uma redoma inacessível em torno da criação musical, para dar-lhe status de ciência. Este procedimento hierarquiza os tipos de composição, como se algumas fossem mais “cerebrais” ou estruturadas que outras.
Caesar questiona a contraposição dos termos som e imagem, que para ele são a mesma coisa. Embora o som seja ligado à percepção – por todos os sentidos – os musicólogos se empenham em reduzi-lo a uma escuta timpânica.
Assim como Caesar, outros artistas se surpreendem com a separação do som da imagem. A compositora Saariaho, que tem trabalhos focados na amplitude sonora, diz que também não separa som e imagem.
A compositora Denise Garcia tem um artigo chamado “O som por metáforas”, em que ela fala de sua obra e da importância da metáfora no seu processo de composição. Para Denise, as palavras estimulam a criação. Em seu artigo ela conta da experiência e dos estímulos para sua peça Trem Pássaro.
O encontro terminou com a audição de Trem Pássaro, de Denise Garcia.
Tarefas para a última semana de junho
Foi combinado que a Eliana enviaria uma chamada à lista para ver quem quer participar do Sonora Compositoras entre 26 e 30/7/2016
Foi sugerido colocar a Sarah em contato com a Larissa para combinar apresentação (performance) no festival Sonora Compositoras
Ficou combinado que a Eliana elaboraria e lançaria perguntas à lista para estruturar uma fala na mesa de discussão sobre “a mulher compositora na indústria cultural” no festival Sonora Compositoras
Planejamento da próxima reunião – Série Vozes – dia 27/06/2016
No dia 06/06/2016 a rede Sonora recebeu, como convidada da série Visões, a jornalista e pesquisadora Rosane Borges. Rosane é Mestre, Doutora e Pós-Doutoranda no Departamento de Jornalismo da ECA-USP, integra a Comissão Estadual da Verdade da Escravidão Negra (OAB-SP), a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-SP) e o Conselho Nacional de Promoção de Políticas da Igualdade Racial (CNPIR) da Seppir (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial).
Além de organizadora e coautora do livro “Mídia e Racismo”(2012), no qual apresenta um capítulo dedicado à discussão da imagem da mulher negra na mídia, possui diversos livros publicados, tais como “Jornal: da forma ao discurso” (2002), “Rádio: a arte de falar e ouvir” (2003) e “Espelho infiel: o negro no jornalismo brasileiro” (2004). No encontro com a rede Sonora, Rosane falou sobre um pouco de tudo isso. Contou sua trajetória rumo à construção da própria imagem como cidadã negra num país marcado pela colonização escravocrata, e da luta que assume, dia após dia, para mudar os paradigmas de representação da nossa sociedade. Não é a toa que ela integra todas as comissões citadas, atua como professora de comunicação e jornalismo e escreve no blog da revista Boitempo, entre outras publicações.
Rosane Borges ingressou no Movimento Negro bem jovem. Neste ambiente percebeu que, além das questões racistas, havia mais um obstáculo a transpor, pelo qual haveria de militar: as questões sexistas. Como exemplo, a jornalista aponta os diferentes índices de desenvolvimento humano presentes no Brasil se consideramos a população segundo a raça e o sexo: “Enfocando todo o povo brasileiro, o país fica em 79/80º lugar no panorama mundial. Se for considerada somente a população branca, este IDH sobe para a 38ª posição, similar à de países com alto índice de desenvolvimento. Se considerada somente a população negra, este índice cai para o 100º lugar. E piora muito se olharmos a população feminina negra. Isto mostra a enorme desigualdade econômica, intimamente relacionada ao racismo e ao sexismo”.
Estas questões estão relacionadas às políticas de representação. Política de representação é o papel que cidadãos assumem de acordo com uma “previsão”. Há a representação jurídica, teatral e política. Alguém representa um outro alguém para uma função determinada.
“Por exemplo, um comercial de margarina. A margarina é um produto barato, não precisa ser uma família de classe média alta para comprar. No entanto, as propagandas mostram pessoas brancas padrão norte europeu, casais heterossexuais, cachorros da raça “Golden” mesas fartíssimas. De onde se pode concluir que o objetivo não é vender margarina, mas sim impor uma imagem do que é ser feliz, do que todos gostariam de ser e ter e do que devemos lutar para conquistar”.
Rosane observa que a população negra significa 51% do Brasil. Espantosamente, a maioria das pessoas não se questiona por que brancos podem passar valores à totalidade da população e negros não. Como a propaganda da margarina. Há uma fração da sociedade que não se vê como racista, não quer o racismo mas não questiona a realidade. Noções como “cabelo ruim” e valores diferenciados entre brancos e negros são assimilados todo o tempo. Isto tem a ver com as políticas de representação.
O poder da representação diz onde as pessoas podem estar ou não. Os que não podem estar são “invisíveis”. A ordem discursiva estabelecida é hierárquica. Ser visível é ganhar existência.
“No campo da música, a mutilação da cidadania é semelhante. O papel do homem e da mulher negra na música erudita, por exemplo, é pratica
mente nulo. A população negra fica restrita ao âmbito do que é considerado popular, ao samba, à capoeira e outras manifestações. Estas não são menores, mas a restrição às outras esferas é injusta e cria um imaginário de que as pessoas negras são limitadas”.
Ao final da conversa, Rosane Borges se definiu como uma pessoa de discurso pessimista, mas de ações otimistas. Ela enxerga os avanços e conquistas obtidas pelos coletivos e movimentos negros, assim como acredita em iniciativas de grupos como a rede Sonora.
Para ela, políticas de ação podem criar contra-representações, como contratar técnicos negros para times de futebol, por exemplo. Se o futebol está “no sangue do negro” por que os negros não podem ser técnicos? Este tipo de postura pode e deve mudar o cenário cotidiano.
Série Visões com Rosane Borges*: “Imagem, Imaginário e Representações da Mulher Negra”
Rosane Borges iniciou o encontro contando que ingressou no Movimento Negro desde cedo, percebendo de imediato as questões sexistas.
Para ilustrar os números do racismo e do sexismo no Brasil, citou que o IDH do país o coloca em 79/80º lugar no panorama mundial. Se considerada somente a população branca, este IDH sobe para a 38ª posição, similar à de países com alto índice de desenvolvimento. Já se considerada somente a população negra, o índice cai para o 100º lugar. E piora quantitativamente se considerada somente a população feminina negra.
O que isto tem a ver com a imagem da mulher negra, principalmente na mídia? O que esta imagem tem a ver com o mundo da música?
Os papeis do homem e da mulher negra na música erudita é praticamente nulo. Sua atuação fica restrita ao âmbito da música popular, do samba, da capoeira e de outras manifestações. Estas não são menores, mas a restrição às outras esferas é injusta e cria um imaginário de que estas pessoas são limitadas.
Há uma fração da sociedade que não se vê como racista, mas não questiona a realidade. Ninguém se espanta com a falta de negros e negras na medicina, odontologia ou advocacia. As políticas de representação determinam quais posições negros e negras devem ocupar. Desde cedo aprende-se o que é o “cabelo ruim”, e que brancos e negros têm valores diferenciados.
Política de representação é o papel que cidadãos assumem de acordo com uma “previsão”. Há a representação jurídica, teatral e política. Alguém representa um outro alguém para uma função determinada.
Rosane cita, por exemplo, um comercial de margarina. A margarina é um produto barato. Não precisa ser uma família de classe média alta para comprar, mas a propaganda mostra pessoas brancas “caucasianas”, um casal heterossexual, um cachorro “Golden” e uma mesa fartíssima. Portanto, o objetivo não é vender margarina, mas sim uma imagem do que é ser feliz, do que todos gostariam de ser e ter e do que devemos lutar para conquistar. A mensagem é clara e define os valores que devem ser perpetuados.
A população negra significa 51% do país. Só num país como o Brasil as pessoas não se questionam por que brancos podem passar valores à totalidade da população e negros não. Como a propaganda da margarina.
O poder da representação diz onde as pessoas podem estar ou não. Os que não podem estar são “invisíveis”. A ordem discursiva estabelecida é hierárquica. Ser visível é ganhar existência.
Rosane diz que é preciso implodir o imaginário. Não basta ter boa intenção. É preciso abrir mão do privilégio de ser branco. É preciso abrir mão do privilégio de ser homem. É preciso dar um passo atrás, mudar as normas que atribuem reconhecimentos diferenciados.
Sobre o negro há um aprisionamento de imagem. Esta imagem antevê uma representação do que seria ser negro.
As pessoas não se comovem pelos negros. Do ponto de vista da visibilidade, negros, LGBT, e outras minorias não são consideradas humanas. O número de mortes de jovens negros não diz respeito à comunidade em geral, não aparece nos noticiários e não comove como deveria.
Como mudar esta realidade? Rosane propõe políticas de ação para criar contra-representações. Como contratar técnicos negros para times de futebol, por exemplo. Se o futebol está “no sangue do negro” por que os negros não podem ser técnicos? Este tipo de postura poderia mudar o cenário cotidiano.
Finalmente, no campo da música Rosane aconselha a pesquisa das raízes da música sul-americana e mesmo da europeia, onde há vários indícios da passagem de negros e negras. Também não se pode imaginar os EUA sem negros, sem o jazz, entre outros estilos. O tango tem raízes negras. Há diversos instrumentos também, não só de percussão.
*Rosane Borges é Jornalista, Mestre, Doutora e Pós-Doutoranda no Depto. de Jornalismo da ECA-USP. Integra a Comissão Estadual da Verdade da Escravidão Negra (OAB-SP), a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-SP) e o Conselho Nacional de Promoção de Políticas da Igualdade Racial (CNPIR) da Seppir (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial). Possui diversos livros publicados, entre eles: Jornal: da forma ao discurso (2002), Rádio: a arte de falar e ouvir (2003) e Espelho infiel: o negro no jornalismo brasileiro (2004).
Planejamento da próxima reunião – interna – dia 13/06/2016
Rosane Borges recomendou a leitura do texto “A partilha do sensível”.