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Ata da 12ª Reunião – GE – 30/05/2016

Pauta

  • Este encontro dedicou-se à preparação da entrevista com a Prof.ª Dra. Rosane Borges, marcada para o dia 06/06/2016. Foram escolhidos 2 textos para discussão: “As Cidadanias Mutiladas”, de Milton Santos, e “Mídia, Racismos e Representação do Outro: ligeiras reflexões em torno da imagem da mulher negra”, da própria Rosane Borges. O primeiro foi citado por ela no seminário O Negro no Brasil, ocorrido dia 12/05/2016. Sua escolha se deve, além disso, ao fato de que Milton Santos introduz a questão do racismo num plano mais abrangente, possibilitando um melhor entendimento da situação e representação da mulher negra, abordadas por Rosane Borges em seu artigo.
  • A discussão dos 2 textos abriu espaço para falarmos sobre um acontecimento trágico que marcou a semana anterior ao encontro, que foi o estupro coletivo de uma garota de 16 anos no Rio de Janeiro. Foi observado que este tipo de violência contra a mulher decorre de um comportamento prepotente, autoritário e darwinista como os apontados nos textos lidos, que supõe que alguns seres humanos são superiores a outros e, portanto, tem mais direitos. Estes direitos compreenderiam o uso de uns pelos outros, sem qualquer tipo de culpa ou consequência.

 

GE – Texto de Milton Santos “As Cidadanias Mutiladas”

  • Eliana Monteiro da Silva apresentou este texto a partir de 3 pontos considerados importantes para o autor: corporalidade, individualidade e cidadania. A corporalidade teria dados objetivos quanto à mobilidade dos cidadãos e sua capacidade (ou restrição da mesma) de realizar coisas. A individualidade teria dados subjetivos e caracterizaria a comunidade negra de modo particular e diferente das outras minorias, pelo fato de que as outras reclamam direitos de um lugar que está inserido na sociedade, enquanto os negros estão excluídos da mesma. Já a cidadania se basearia em dados políticos, que dependem de uma democracia voltada para os homens e não para o mercado.
  • Segundo Milton Santos, um cidadão é um indivíduo completo que, se não consegue exercer seus direitos, sabe quais são eles e tem condições de reivindica-los. No Brasil, o autor constata que estas cidadanias são mutiladas porque há uma situação de colonialismo que busca manter os privilégios da classe média soterrando os direitos dos demais. O próprio território e seus recursos naturais são manipulados, quase totalmente, por poucas pessoas e/ou empresas. Ao restante da população disponibiliza-se o resíduo do orçamento da nação.

 

Texto de Rosane Borges “Mídia, Racismos e Representação do Outro: ligeiras reflexões em torno da imagem da mulher negra”

  • O segundo texto a ser discutido versou sobre a imagem da mulher negra e sua associação a estereótipos de hipersexualidade. Segundo a autora, a mídia reproduz um discurso preconceituoso e racista sobre a mulher negra, tornando-se formadora e mantenedora desta opinião. Tal imagem teria origem na constituição corporal de Sarah Baartman, uma mulher negra nascida em 1789, cujas nádegas eram proeminentes a ponto de chamar atenção. Esta “desproporção” seria exibida como algo monstruoso e exótico, confirmando a “normalidade” e perfeição do homem e mulher europeus.
  • As medidas ampliadas de Sarah foram associadas a um suposto apetite sexual exagerado, de onde vem o estereótipo da mulher negra devassa. Propagandas de cerveja, entre outras, usam estes signos do imaginário construído ao longo dos séculos para criar um lugar para as mulheres negras, qual seja nos desfiles de carnaval, nas rodas de samba, etc.
  • Rosane termina apostando na comunicação contraintuitiva pode quebrar padrões e desconstruir estigmas pré-estabelecidos. Aponta também a importância de estudos atentos à diversidade, ao racismo e à alteridade, para transformar nossos horizontes de representação.

 

Planejamento da próxima reunião – série Visões – dia 06/06/2016

  • Entrevista/conversa com Rosane Borges.

 

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