Nesta 9ª edição de Visões, a Sonora recebe Teca Alencar de Brito, Doutora e Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC- SP, Bacharel em Piano e Licenciada em Ed. Artística com habilitação em Música. Professora e pesquisadora no CMU/ECA/USP, Teca criou, há trinta e quatro anos, a Teca Oficina de Música, núcleo de educação musical voltado à formação de crianças, adolescentes, adultos e educadores, em São Paulo, Brasil. Autora de vários artigos e livros, produziu oito CDs que documentam a produção musical de crianças e adolescentes da Teca Oficina de Música. Sobre tudo isso ela conversa com alunas (os) da ECA, convidadas (os) e pessoas da Sonora.
Trajetória
Teca contou que iniciou os estudos de música pela prática do piano, ainda criança. Cedo ela percebeu que o estudo rígido e tradicional do instrumento não era o que procurava, nem o que considerava importante para o fazer musical.
Sua professora de piano, por outro lado, deu-lhe liberdade para descobrir e experimentar a improvisação por conta própria, entendeu que a menina tinha condições e curiosidade para ir além do estudo técnico do instrumento.
Teca lecionou em diversas escolas antes de ter a sua. De uma delas foi demitida porque a coordenação disse que a escola não tinha seu perfil. E Teca agradece a este fato, pois em outras escolas encontrou ambientes férteis para desenvolver seu trabalho autoral.
Koellreutter
Seu relacionamento com o flautista, educador, agitador cultural e músico em geral foi fundamental. Teca estudou e trabalhou com Koellreutter por muitos anos. Chegou a fazer uma viagem com ele e outras (os) pesquisadoras (os)/músicas (os) para a Índia. Teca participou desta imersão com o mestre, assistindo aos indianos improvisar – o que lhes é culturalmente natural.
Oficina de Música
Em sua escola, Teca oferece liberdade para as crianças escolherem que instrumentos querem tocar, como e quando. Ela critica o ensino que impede que as crianças se coloquem, exponham suas ideias, componham suas músicas. O mais importante, segundo ela, é escutá-las, acolher suas contribuições e trabalhar com elas a partir disso.
São processos auto-poiéticos, como ela diz.
Espaço de criação
Hoje, Teca crê que esteja havendo um retrocesso muito grande na educação musical. Ainda que professores usem materiais novos, técnicas inovadoras, entre outros, raramente há espaço para a criação. Materiais vem com instruções, roteiros e regras. Desta forma, por mais que materiais e técnicas sejam “modernos”, o processo é arcaico. E isso vem aumentando dia a dia, infelizmente.
O sentido de se fazer música
Crianças fazem música com letra, abrem a boca e saem cantando. Quando a música é criada, Teca aponta o que está ali, cria pontes com o pensamento humano de forma, elementos, estrutura. Teca também grava os (as) alunos (as). Isso é importante, porque as crianças esquecem o que criaram e, frequentemente, modificam o que fizeram.
Nos territórios da educação musical, é preciso abrir espaço e dar tempo para que emerjam as ideias das crianças. E não ouvir com espírito e ouvidos já pré-estabelecidos. O que um entende como música não é necessariamente o que entendem os demais.
Exemplos
Teca contou histórias e mais histórias de como surgiram os CDs que ela gravou com as crianças. Mostrou vídeos e fez tocar algumas faixas dos discos de sua escola. Os exemplos, assim como a fala completa de Teca foi compartilhada em tempo real e está disponível no canal da Sonora no youtube. O link da transmissão pode ser conferido na aba “Atividades regulares – Visões” do nosso site.