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Vozes

Vozes – Renata Roman (Divulgação)

Sonora convida para mais uma edição da série Vozes na próxima segunda-feira, 06/11/2017, às 17h30. Nesse encontro receberemos a artista sonora Renata Roman.

 

Renata Roman pesquisa as poéticas do som e escuta. Seu trabalho transita entre radioarte, instalações, música experimental e cartografia sonora.

Participou de várias mostras e festivais no Brasil e exterior, tais como FILE Hypersonica 2012, 30ª Bienal Internacional de Artes de São Paulo (Mobile Radio),

Tsonami Córdoba (AR), Echoes/Osso (PT), Hilltown New Music (UK), Süden Radio (IT/DE), DubellRadio Festival (SE), Galeria Perenne (AR),

Radiophrenia (UK), Festival Internacional de Arte Sonoro 2015 (CH), entre outros.

Criou e mantém o mapa sonoro de São Paulo (SP SoundMap) e possui gravações de campo em mapas sonoros colaborativos: Audiomapa (CL) e MoMA (USA).

renataroman.tumblr.com

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Operacional

Ata da reunião de 30/10/2017 – interna

Pauta

A pauta de hoje ficou em torno de 2 assuntos:

  1. Confecção de flyers para Vozes com Renata Roman, com Thaís Montanari e com Flora Holderbaum.
  2. Discussão sobre data do Vozes com a Flora e sobre atividades de encerramento.
  • Flora confirmou disponibilidade no dia 4/12.
  • A princípio o encerramento ficou para o dia 11/12, conforme o calendário:

06/11 – Vozes com Renata Roman

13/11 – R. O. para Vozes com Sylvia Hinz

14/11 (terça a tarde) – Sylvia Hinz

16/11 (quinta) – QiB evento do Coletivo Feminista

27/11 – Vozes com Thaís Montanari

04/12 – Vozes com Flora Holderbaum

07/12 (quinta) – Coletivo Feminista

11/12 – Encerramento?

18/12 – TCC da Mariana Carvalho

  1. Discussão sobre possíveis vínculos da rede com o NuSom e outros grupos.
  • Neste sentido foi colocado que a melhor solução é reconhecer o apoio do NuSom e não pensar num vínculo mais aprofundado. Reconhecer o apoio às nossas atividades mediante estrutura, como fornecimento da sala, aparelhos de transmissão e de projeção.
  • Formalizando este apoio, o NuSom poderá relatar esta parceria entre suas atividades acadêmicas e, ao mesmo tempo, não se responsabilizar por todos os atos praticados pela rede. Até porque a Sonora é um grupo feminista e o NuSom não é.
  • A rede também não fica com seus projetos e atos pendentes de aprovação do NuSom ou de outro grupo qualquer. Porém, contar com este apoio tem sido muito importante e tem possibilitado a maior parte de nossas atividades. Assumir isso tira o caráter informal da relação.
  1. Foi conversado sobre criar uma nova aba no site para divulgar os grupos apoiadores da Sonora. Foi discutido se o melhor termo para definir estas relações seria apoio ou parceria.
  • Esta discussão sobre apoio/parceria será retomada dia 13/11.
  1. Estabelecer contatos mais próximos com grupos que se relacionam (à distância) com a Sonora é um desejo da rede. Até para exercitar o papel de “rede”, que nem sempre é trabalhado.
  • Foi sugerido criar uma serie regular dedicada a estes contatos, do tipo “Encontrando outros grupos”.
  • Foi sugerido pensar numa atividade para o dia 8/3 com o Coletivo Feminista e com outros grupos parceiros. O 8/3 deve ser preparado com antecedência.
  • Foi lembrado que o próximo dia 8/3 cairá na Semana dos Bichos, e que podemos pensar numa atividade da rede com as calouras e calouros.

Próxima reunião dia 6/11:

Série Vozes com Renata Roman.

 

 

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Operacional

Ata da reunião de 23/10/2017 – interna

Pauta

A pauta de hoje foi o calendário de atividades até o fim do ano. Uma das atividades, o encontro com a flautista Sylvia Hinz, está pendente por causa dos dois feriados existentes na semana em que ela estará no Brasil.

  • Quanto às possibilidades, Lilian ficou de ver se ela pode fazer um “concert-lecture” com obras de mulheres no dia 14/11 (terça). Caso ela possa, precisamos saber em que sala será. Aventou-se usar a sala 12, caso o Prof. Silvio Ferraz a disponibilize nesta data.
  • Se tudo der certo, a data reservada para o “Vozes com Flora Holderbawn” (dia 13/11) deverá ser alterada para não esvaziar qualquer um dos eventos. Flora disse que pode fazer em outra data.

Até agora o calendário ficou como se segue:

30/10 – R.O.: Discussão sobre vínculos institucionais. Preparação de flyer e material de divulgação para Vozes dos dias 06/11 e 14/11.

06/11 – Vozes com Renata Roman

13/11 – R.O.: para Vozes com Sylvia Hinz.

14/11 (terça a tarde) – Sylvia Hinz?

16/11 (quinta) – QiB evento do Coletivo Feminista

18/11 (sábado a tarde) – Sylvia Hinz?

27/11 – Vozes com Thaís Montanari?

04/12 – Vozes com Flora Holderbaum?

07/12 (quinta) – Coletivo Feminista

18/12 – TCC da Mariana Carvalho

 

Havíamos planejado selecionar textos para mandar para a seção Reading do WISWOS.

  • Em vista da agenda lotada, foi decidido deixar esta atividade para 2018.

Em relação à formatação do canal da Sonora no youtube, Carolina se ofereceu para pensar uma organização dos vídeos com visual mais interessante.

  • Ela também disse que poderia fazer uns teasers com eventos que já estão gravados.
  • Davi lembrou outros aspectos do site que precisam ser uniformizados, como a aba “GE”, que liga a links de transmissão em que algumas são acompanhadas de texto e outras não.

As sessões de escuta também foram deixadas para segundo plano, o que concordamos que faz falta.

  • Concordamos que às vezes as reuniões não são tão bem aproveitadas, e que daria para inserir ao menos uma obra criada por mulher em cada reunião para aumentar nosso conhecimento. É preciso otimizar o tempo dos encontros para gerenciar melhor os assuntos.

Há o desejo de criar uma lista com nomes de mulheres criadoras numa aba no site da rede.

  • O problema é como fazer o recorte contemplando a maior gama de exemplos possível. Se for uma rede colaborativa aberta, as chances de sucesso aumentam.

No fim da reunião emergiu uma discussão sobre possíveis vinculações institucionais entre a Sonora e diferentes núcleos/grupos/centros/etc. Decidiu-se ampliar e aprofundar esse debate na próxima reunião. Dada a importância do tema, será enviada uma chamada específica na lista para que tenhamos maior adesão para o debate.

Próxima reunião

  • Discussão sobre vínculos institucionais.
  • Preparação de flyer e material de divulgação para Vozes do dia 06/11.
  • Prepararação também flyer e material para Vozes do dia 14/11.
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Grupo de Estudos

16/10/2017 – GE sobre texto “O Público e o Privado” de Flavia Biroli

O encontro de hoje foi dedicado ao Grupo de Estudos sobre o texto “O Público e o Privado” de Flavia Biroli. Vários pontos do texto foram levantados e geraram discussão sobre temas mais amplos, mostrando a complexidade do tema.

 

Em relação à dualidade esfera pública e privada:

  • Flavia aponta a necessidade de expor a história não contada da CONSTRUÇÃO DA ESFERA PÚBLICA a partir da POSIÇÃO DAS MULHERES. Segundo a autora, a política das relações de poder começa na VIDA COTIDIANA.
  • De acordo com o conceito de que esfera pública baseia-se na RAZÃO e na IMPESSOALIDADE e esfera privada corresponde às relações de caráter PESSOAL e ÍNTIMO, a domesticidade feminina foi cultivada culturalmente para manter esta dualidade. Tal domesticidade foi cunhada de modo a parecer um TRAÇO NATURAL E FISIOLÓGICO das mulheres, frente ao qual qualquer outra característica era considerada DESVIO DE COMPORTAMENTO.
  • A esfera privada foi “protegida” da intervenção do Estado, preservando relações autoritárias que limitaram a autonomia das mulheres. A garantia de privacidade para o domínio familiar e doméstico garantiu a dominação masculina e bloqueou a proteção a indivíduos mais vulneráveis nas relações de poder correntes – como mulheres e crianças. A esfera privada é vista como lugar onde a justiça comum não se aplica porque envolve RELAÇÕES DE AFETO.
  • Mas é a dominação da mulher na esfera privada que garante o sucesso do homem na esfera pública. Sem falar na AUSÊNCIA DE CIDADANIA E DE DIREITO À INTEGRIDADE FÍSICA que sofrem mulheres expostas a abusos e estupros no casamento. Seus corpos não lhes pertencem: são passados da dominação paterna à do marido na cerimônia do matrimônio.

 

Em relação aos horizontes limitados:

  • “Relações mais justas na vida doméstica permitiriam ampliar o horizonte de possibilidades das mulheres, com impacto em suas trajetórias pessoais e formas de participação na sociedade”. Nas relações familiares há diferença na divisão das responsabilidades sobre a vida doméstica (pesando mais sobre as meninas) e dos estímulos que favorecem maior exercício da autonomia (mais dirigidos aos meninos).
  • A falta de mulheres na vida pública reduz a possibilidade de que se discutam e avancem em questões como CUIDADO COM AS CRIANÇAS, CUIDADO COM IDOSOS, VIOLÊNCIA E DOMINAÇÃO DE GÊNERO.
  • As barreiras para que mulheres exerçam trabalho remunerado fora de casa são associadas ao TEMPO QUE AS MESMAS GASTAM NA ESFERA DOMÉSTICA (Didier Marc Garin contou, quando esteve no Brasil, que na França as mulheres recebem 25% menos que homens na mesma função por sua “suposta” menor dedicação à empresa devido aos afazeres doméstico e familiares. Ainda que isso não se comprove na prática).
  • A mesma justificativa permite aos homens ter mais acesso a trabalhos de grande dedicação e responsabilidade na empresa, pois SUPÕE-SE QUE SEJAM LIVRES PARA ATENDER A EXIGÊNCIAS PROFISSIONAIS.
  • As expectativas sociais conduzem a desenvolvimentos de habilidades diferenciadas para homens e mulheres. Mulheres são orientadas para a CONQUISTA DO CASAMENTO (e há todo um mercado de consumo para que disputem o parceiro que lhes garantirá suporte econômico).

 

Em relação ao mundo corporativo:

  • “O mundo do trabalho se estruturou com o pressuposto de que os ‘trabalhadores’ têm esposas em casa”. O controle dos recursos ficou a cargo dos homens, ainda que o resultado de seu trabalho conte com a dedicação das mulheres.
  • Por outro lado, a atuação das mulheres na prática do cuidado é vista como formadora de uma ÉTICA DISTINTA (isso pode ser visto nas urnas, quando vota-se em mulher POR SEU CARÁTER e não por sua CAPACIDADE DE GESTÃO).
  • Algumas feministas apontam também a desvalorização do trabalho doméstico frente ao assalariado, o que nem sempre é real. Muitas mulheres da classe trabalhadora são exploradas, recebem menos que o salário mínimo e poucos benefícios. NEM SEMPRE TRABALHAR FORA DE CASA É SINÔNIMO DE PROJEÇÃO E INDEPENDÊNCIA. “A FAMÍLIA PODE SER UM REFÚGIO PARA INDIVÍDUOS QUE SOFREM DISCRIMINAÇÃO NA SOCIEDADE MAIS AMPLA”.

 

Em relação às privacidades seletivas:

  • Privacidades tem sentidos diferentes conforme a posição do indivíduo nas relações de poder:

HOMENS BRANCOS têm privacidade no espaço público (escritórios com portas fechadas e controle sobre quem tem acesso)

MULHERES BRANCAS DE CLASSE MÉDIA podem usar tempo livre – já que outras mulheres (pobres) fazem o serviço doméstico para elas – para atuar na esfera pública. Os eletrodomésticos e maquinário também ajudam as mulheres de classe média

  • Na esfera pública, privacidade pode depender de um menor grau de privatização, ou, da SOCIALIZAÇÃO DAS TAREFAS DOMÉSTICAS (como pensado por Lênin na Revolução).
  • Há um risco na possibilidade de intervenção estatal na esfera privada: o da intervenção em outras formas de relacionamento familiar – LGBT, por exemplo.
  • Mesmo o direito ao aborto é visto por algumas feministas como maléfico por permitir aos homens se livrar das consequências reprodutivas da relação sexual.

 

ALGUMAS CONCLUSÕES:

“A pluralidade democrática depende da garantia do espaço para o florescimento de identidades baseadas em crenças e práticas distintas”

“A garantia da privacidade depende da crítica à dualidade convencional entre o público e o privado” e da crítica “às desigualdades de gênero a que esta realidade tem correspondido”.

Sugestão de autoras para leitura:

  • Valerie Solanas (Scum manifesto)
  • Julie Falket
  • Monique Wittig (Amazonas)
  • Helleieth Saffioti (livro “Gênero, Patriarcado, Violência”)

 

 

 

 

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Operacional

Tutorial para transmissão via Hangout e Youtube

Instruções para transmissão via Google hangout/youtube

(tutorial para a sala do NuSom)

0. Para uso da câmera logitech ser 910 pode ser necessário utilizar o browser Firefox. O Chrome tem funcionado perfeitamente.

1. Fazer log on na conta gmail da Sonora.

2. Clicar em Hangouts ou Youtube (nos apps no canto superior direito)

 

PARA LIVE-STREAMING (Youtube)

1. No youtube, ir para o “Creator Studio”(clicando no ícone da Sonora, canto superior direito)

2. Na barra lateral (esquerda), selecionar “Live streaming – Events”

3. Selecionar “Novo evento ao vivo”

4. Preencher especificações como nome do arquivo ou da transmissão e o horário de início de término se necessário

5. Clicar em “Ao vivo agora”

6. Aparecerá uma janela de transmissão.

 

CABOS

1. Conectar câmera logitech no computador por entrada USB

2. Microfone no canal 1 da mesa

3. Ligar phantom power na mesa

4. Cabo P2-2P10 fazendo a saída do mic pela mesa (ALT OUTPUT L3 e R4) para entrada de microfone do pc (atrás)

5. Apertar o Mute do canal 1 (para o som do mic sair somente no computador e não nas caixas)

6. Testar mic pelo mostrador do Hangouts (ver se não está estourando e se necessário regular o volume do canal 1 pela mesa)

7. Cabo P2-P10 da saída de som do pc (frente) entrando no TAPE IN

8. Apertar TAPE do “Control room source” e Assign to main mix”(para sair nas caixas)

9. Cabos P10 da caixa de som para a saída MAIN OUT

10. Ligar caixa de som

 

NA TRANSMISSÃO

1. Nas configuracoes (ícone da engrenagem), configurar entradas e saídas no Hangouts, conforme:

– Logitech Camera

– Built-in Line Input (pra sala do NuSom)

– Built-in Output

2. Testar mandando o link para alguém

3. Clicar em “Start to broadcast” (youtube) ou “Start new conversation”

4. Copiar o link (no ícone “Invite people”) do hangouts.

5. Mandar por email.

6. No caso de youtube, copiar também o link do youtube.

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Visões

Visões “Música e Mulher na América Latina: Relatos sobre o III Colóquio Ibermúsicas Chile” por Eliana Monteiro da Silva

Visões “Música e Mulher na América Latina: Relatos sobre o III Colóquio Ibermúsicas Chile” por Eliana Monteiro da Silva

No dia 02/10/2017, tive a alegria de participar da série Visões para contar minha experiência como convidada e representante do Brasil no III Coloquio Ibermúsicas Chile, em Santiago. Comemorando o centenário da cantautora chilena Violeta Parra, o colóquio abordou a temática “Música y mujer em Iberoamérica – haciendo música desde la condición de género”.

Entre as questões colocadas, discutiu-se “as dificuldades e os estereótipos que a mulher tem enfrentado ao querer se profissionalizar no campo da música; de que maneira o entorno social, cultural e político tem atuado para criar ou resolver tais dificuldades; como a mulher tem se situado no cânone masculinizante da composição, da música erudita ao rock”; entre outros. Participaram do debate representantes dos 11 países que compõem o Ibermúsicas, entre intérpretes, compositoras, musicólogas, antropólogas e sociólogas – além do organizador e musicólogo Juan Pablo González e do diretor do Ibermúsicas José Julio Díaz Infante. Somente o Chile contava com mais de uma representante.

Para contar sobre esta experiência, dividi meu relato em duas partes, que são:

  • Parte 1 – Da minha participação no III Colóquio Ibermúsicas Chile
  • Parte 2 – Das demais participantes latino-americanas

Na parte 1, contei que minha conferência se intitulou “Compositoras brasileiras no contexto da música erudita: uma história de luta contra a invisibilidade”. O objetivo foi mostrar a atuação das compositoras brasileiras na música erudita e sua luta por reconhecimento e visibilidade.

Comecei apontando que, do meu lugar de fala como intérprete, em algum momento constatei a negação da produção destas compositoras pelos estabelecimentos de ensino de música e pelo mercado de concertos e gravações, uma vez que há muito tempo estudava e divulgava obras variadas sem jamais ter tocado uma só composição feita por mulher. Isto me alertou para a naturalização das questões de gênero no ensino do instrumento, assim como na teoria musical, análise, etc.

Conforme me inseri no ramo da pesquisa acadêmica fui descobrindo compositoras incríveis, que passei a divulgar em recitais do meu duo dedicado a este fim com a cantora Clarissa Cabral, o Duo Ouvir Estrelas, em artigos, capítulos de livros e no livro “Clara Schumann: compositora x mulher de compositor”. Fruto desta investigação são as 20 compositoras brasileiras que mostrei no colóquio, nascidas entre 1847 e 1987.

Estas guerreiras, apesar do ambiente adverso, participaram da construção de uma música com características próprias do Brasil e, consequentemente, da América Latina. São elas: Chiquinha Gonzaga, Branca Bilhar, Dinorá de Carvalho, Helza Cameu, Cacilda Borges Barbosa, Eunice Katunda, Lina Pires de Campos, Esther Scliar, Kilza Setti, Maria Helena Rosas Fernandes, Jocy de Oliveira, Marisa Rezende, Vania Dantas Leite, Nilceia Baroncelli, Ilza Nogueira, Denise Garcia, Silvia Berg, Silvia de Lucca, Valéria Bonafé e Patricia de Carli. Poderia mostrar muitas mais, não fosse o tempo restrito. O recorte que escolhi abarcou a maior quantidade possível de estilos, técnicas, locais de nascimento e instrumentos utilizados.

A última parte da minha fala no colóquio foi dedicada a ações afirmativas empenhadas em mudar o cenário conservador e machista da música erudita no Brasil, entre as quais destaquei as atividades realizadas pela nossa rede “Sonora – músicas e feminismos”.

A participação do violonista Cauã Canilha tocando “Ponteio e Tocattina” de Lina Pires de Campos deu um charme especial a esta edição do Visões!

Sobre as demais participantes da América Latina, que relatei na Parte 2, colocarei aqui um breve resumo de suas conferências:

Romina Dezillio (Argentina)“Las primeras compositoras profesionales de música académica en argentina: logros, conquistas y desafíos de una profesión masculina”

Em seu trabalho, Romina apresentou algumas das primeiras compositoras eruditas que se profissionalizaram na Argentina, nascidas entre o fim do século XIX e início do XX, e que atingiram certa visibilidade na década de 1930. A autora discutiu a recepção de suas obras pela imprensa, que lhes atribuiu como qualidade a “sinceridade” e conferiu a condição de “adorno” às suas práticas musicais.

Yael Bitrán Goren (México)“De la invisibilización al canon: mujeresen la academia, el rock y la sala de concierto en méxico en la segunda mitad del siglo XX”

Yael enfocou a presença sólida de mulheres na música de concerto e no rock mexicano da segunda metade do século XX, apesar do caráter machista inerente a estes ambientes artísticos.  Por meio de entrevistas, buscou responder às perguntas: em que medida foram superadas as dificuldades das mulheres em profissões eminentemente masculinas como a composição destas vertentes musicais? Como são vistas estas compositoras frente ao cânone masculino? “

Soledad Castro Lazaro (Uruguai) “Murgas de mujeres (estilo uruguayo) en América Latina”

A autora falou sobre a murga uruguaia, manifestação musical e carnavalesca na qual, em mais de cem anos de historia, somente quatro grupos de mulheres participaram do carnaval oficial. Por meio de um breve recorrido histórico da murga uruguaia com una perspectiva de gênero, Soledad questionou as razoes da invisibilização e exclusão da mulher durante todo o século XX.

Ana María Arango Melo (Colômbia) “Entre arrullos, chumbes y sanpachitos. Cuidados de la primera infancia y estéticas sonoras en los afrochocoanos de Colombia”

A conferencia de Ana Maria pretendeu visibilizar uma serie de praticas e rituais das mães e avós do Pacifico Colombiano em torno das crianças em sua primeira infância. Ela mostrou que a forma como estas concebem os corpos, os sons e o movimento denota uma enorme relação destas praticas e estéticas com a vida musical desta população, além de apontar sua visão de mundo.

Susan Campos Fonseca (Costa Rica)“Artistas electrónicas en Costa Rica: un estudio de filosofía tecnológica feminista”

Susan analisou os estudos dedicados às compositoras, artistas sonoras e cantautoras na Costa Rica, procurando evidenciar como a historia da música ocidental, a historia da música do século XX e a historia da música latino-americana constroem narrativas que se introduzem na historiografia costarricense. Ela apontou que tais narrativas se refletem na formação em composição musical e na educação básica em geral, perpetuando métodos herdados da filosofia e da historia eurocêntrica, com suas ideias de civilização, cultura, obra, autor/a e cânone. Segundo a pesquisadora, é preciso descolonizar a pesquisa e repensar as propostas metodológicas e teóricas, sob risco de mantermos os mesmos paradigmas que indicam o que merece ser estudado e o que não.

Lorena Valdebenito (Chile) “Creación musical femenina en Chile: canon, estereotipos y autorias”

Lorena se propôs a rever a maneira como a academia tem abordado a criação musical feminina no Chile, enfocando, principalmente, o surgimento da cantautora como figura chave na formação de cânones na cena musical popular que se inicia no final dos anos ‘90 e inicio de 2000.

Karla Lamboglia (Panamá) – “La mujer en la música panameña: un retrato contemporâneo”

A autora refletiu sobre a situação atual da mulher no ambiente musical panamenho, segundo diferentes estilos e manifestações. Ela apontou a condição particular do Panamá, pela convivência de seus habitantes nativos com imigrantes norte-americanos do sexo masculino que vão trabalhar na zona do canal. Em vista deste cenário, evidenciou as dificuldades de fazer música sendo mulher, mas, também, buscou apontar soluções possíveis e sustentáveis para tornar o panorama musical mais balanceado e equitativo.

Romy Martínez (Paraguai) – “La mujer paraguaya: roles y desafíos como profesional de la música”

Romy buscou ilustrar alguns dos papéis desempenhados por artistas paraguaias como profissionais da música na atualidade, por meio de biografias e relatos de mulheres nascidas entre as décadas de 60 e 80 que atuam dentro ou fora de seu país como instrumentistas, cantoras, compositoras e/ou docentes. A própria autora, que é cantora e pesquisadora, participa dos relatos.

Sarah D. Yrivarren (Peru) – “Construcción y representación de discursos de femineidad en la escena “metalera” de Lima”

Sarah pesquisa os conflitos que afrontam mulheres em comunidades eminentemente masculinas como a metaleira, corroborados pelo formato conservador da sociedade peruana. Sua investigação agrega observação em bares “metal”, concertos, shows e feiras de discos, traçando um perfil das formas de organização e comunicação destes grupos.

Ailer Pérez Gómez (Cuba) – “Mujer y música en Cuba: caminos profesionales”

De acordo com Ailer, o enfoque de gênero não é ainda uma perspectiva sistemática na pesquisa sobre música em Cuba, embora tenha crescido nos últimos quinze anos com a crescente inserção de mulheres em trabalhos associados à música. Esta prática vem sendo mediada pelas particularidades do sistema político-social vigente no país, que tem fomentado um espaço de formação profissional em música de alto nível, e, em essência, inclusivo, tanto no âmbito da formação quanto do desempenho profissional.

Daniela Fugellie (Chile)“Leni Alexander (1924-2005) o la migración perpetua”

Daniela falou sobre a perspectiva de gênero na imigração para o Chile no século XX, enfocando a compositora Leni Alexander, nascida na Alemanha e residente no Chile desde os 15 anos. A autora ressaltou a dificuldade de se obter dados sobre casos como este, ao qual se soma o fato de que Leni era judia, de esquerda e fazia parte da comunidade musical de vanguarda. Entretanto, foi uma das poucas compositoras a se destacar na década de 1950.

Marisol Facuse (Chile)“Música, género e inmigración: carreras musicales de mujeres inmigrantes latinoamericanas en Chile”

Marisol também investiga as comunidades imigrantes no Chile, com atenção especial ao período do retorno à democracia ao país após décadas de ditadura, no século XX.  A autora procurou compreender a influência das práticas musicais nas identidades e sociabilidades, promovendo processos de mestiçagem cultural.

  • Algumas conclusões:

A convivência intensa de 4 dias de colóquio fez das participantes um grupo carregado de intimidade e cumplicidade. O fato de que voltaríamos para nossos países de origem nos deu leveza e liberdade para que nos abríssemos sem reservas e externássemos nossas opiniões de forma produtiva.

O sentimento de ser mulher e latino-americana também nos fez, de certo modo, um pouco subversivas. Isto ficou mais evidente quando participamos como ouvintes do Colóquio Violeta Parra – que incluía convidadas e convidados do chamado Primeiro Mundo, ou, os ”colonizadores”.

  • Outras conclusões (não tão boas):

O fato de estarmos entre mulheres para falar da exclusão da mulher na música (sendo que o convite não se restringia ao gênero feminino) evidenciou a questão do desinteresse dos homens em pesquisar o assunto.

Por mais que os organizadores – homens – se empenhassem em demonstrar o contrário, não houve espaço nem tempo para darmos qualquer encaminhamento às questões pautadas durante o evento.

O primeiro momento musical realizado no intervalo das palestras foi apresentado por um grupo de 4 folcloristas, todos homens, cantando música de homens com letras machistas – típicas do contexto em que foram compostas.

Resta saber se o evento III Colóquio Ibermúsicas Chile ficará isolado do resto do contexto musical, ou se de fato servirá para motivar mudanças na percepção e na atuação da comunidade artística – principalmente a acadêmica.

Alguns vídeos mostrados: